Eurico Figueiredo: «Se o Pedro Martins não renunciar [ao cargo], renuncio eu”
Membro da Comissão Disciplinar da Associação Académica de Coimbra alega postura “unilateral” e falta de compromisso para escoar trabalho por parte de Pedro Martins, em entrevista à RUC, depois de exigir demissão do dirigente em carta aberta.
O 3.º vogal da Comissão Disciplinar da Associação Académica de Coimbra (CD/AAC), Eurico Figueiredo, exigiu a demissão do presidente do órgão, Pedro Martins, primeiro em plenário e uns dias depois numa carta enviada por e-mail, na segunda-feira, a diferentes estruturas e órgãos da casa, incluindo a RUC. De acordo com Eurico Figueiredo, houve uma sucessão de acontecimentos que geraram “falta de confiança” no dirigente.
No primeiro plenário do mandato, a 25 de abril, Pedro Martins apresentou um Regimento Interno da Comissão Disciplinar que não ia ao encontro, em alguns aspetos, do que foi decidido em conjunto ao longo de um mês e meio de reuniões informais, segundo as alegações do 3.º vogal. Chegou-se a um empate (a 2.ª vogal, Ana Vidal, e Pedro Martins votaram a favor, enquanto Eurico Figueiredo e o 1.º vogal, Diogo Curto, rejeitaram a proposta), mas o voto favorável do presidente foi decisivo e o documento foi aprovado. Eurico Figueiredo afirma, em entrevista à RUC, que deixou desde logo de “confiar na palavra” do dirigente.
O documento aprovado a 25 de abril atribuiu a função de repartir os processos disciplinares ao presidente, ao contrário, alega Eurico Figueiredo, do que foi acordado em reuniões informais. Apesar de insistir para ficar com aquela competência, no mês que se seguiu ao primeiro plenário, Pedro Martins não distribuiu trabalho, de acordo com o 3.º vogal. A responsabilidade de atribuir processos acabou por ser retirada ao dirigente e passou para as mãos do plenário, através de uma alteração ao Regimento Interno da CD/AAC, introduzida a 24 de maio.
Eurico Figueiredo conta que quando questionou Pedro Martins sobre o estado da CD/AAC, no plenário do dia 22 de junho, o presidente admitiu que a própria falta de disponibilidade estava a condicionar o funcionamento do órgão e pôs a demissão em cima da mesa. Porém, Pedro Martins manteve-se no cargo e no último plenário, no dia 12 de julho, confessou que ainda não tinha entrado em contacto com os visados no processo disciplinar pelo qual estava responsável há mais de um mês, segundo o vogal. Foi então, diz Eurico Figueiredo, que pediu ao dirigente para abandonar a CD/AAC e alertou-o que caso não se demitisse até ao dia 14 de julho tornaria o pedido público (tal como veio a fazer na segunda-feira).
Pedro Martins, que continua, até à data, em funções, contacto na quinta-feira, disse-se impossibilitado até ao final da semana para conversar com a RUC e avançou que vai lançar “oportunamente” um comunicado em resposta à carta redigida por Eurico Figueiredo e subscrita por Diogo Curto. A RUC ainda perguntou ao presidente em que dia vai estar disponível para uma entrevista, mas não obteve resposta. Ana Vidal, que não assinou o documento, também disse que não tinha disponibilidade na quinta-feira para falar com a RUC e não adiantou uma data possível.
Fotografia: Daniel Oliveira / Jornal Universitário “A Cabra”