Liniker na Casa da Música
Liniker estreou-se triunfante a solo em Portugal, na Casa da Música, a 28 de junho. Veio apresentar o seu primeiro trabalho em nome próprio – Indigo, Borboleta, Anil -, num concerto em que nos deixou sem medo de ser felizes.
No passado dia 28 de junho, o Rua do Brasil esteve na Casa da Música no Porto para assistir à primeira apresentação em Portugal do projeto a solo de Liniker. Liniker Ferreira Campos, natural de Araraquara, interior do Estado de São Paulo, tal como se apresentou em palco, veio divulgar o seu primeiro álbum em nome próprio Indigo, Borboleta, Anil (2021), seis anos depois da sua passagem por território nacional, na altura, em digressão com Os Caramelows.
Sem demoras, fomos introduzidos a este projeto que dá a conhecer um universo sonoro agora explorado em nome próprio e que já lhe valeu um Grammy Latino em 2022 na categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. A faixa “Lili” abriu o concerto e Liniker mostrou ao que veio: forte, plena e feliz em cima do palco, a ser recebida por uma sala cheia, em êxtase, que, ao longo de todo o espetáculo, esteve completamente rendida.
Indigo, Borboleta, Anil foi sendo tocado, com “Antes de Tudo”, “Lua de Fé” e “Clau” a fazerem a plateia levantar-se sem medo para acompanhar Liniker nas suas danças. Antes de se lançar para a canção “Presente”, contou-nos que este foi um trabalho iniciado em 2019, a propósito de um convite da plataforma COLORS, que resultou na composição desta faixa em primeiro lugar, mas que evoluiu rapidamente para algo maior – a criação do seu álbum de estreia em nome próprio. Desde o início, teve ao seu lado o imprescindível Júlio Fejuca, amigo e colega de trabalho, que hoje a acompanha na guitarra/violão/cavaquinho nesta digressão.
Realizada e feliz com este projeto, Liniker disse que o seu primeiro álbum a salva desde o dia em que começou a ser feito. No entanto, não nos deixou órfãos de uma viagem ao seu passado partilhado com Os Caramelows: levou-nos até ao trabalho Goela Abaixo de 2019, com a tríade “Bem Bom”, “Intimidade” e “Calmô”; e ainda até ao álbum Remonta (2016) com uma versão de “Zero” encurtada e carregada de groove.
As incursões ao passado não se fizeram apenas pelos primeiros discos. Liniker contou-nos que o seu processo de criação é demorado – quem sabe, pela culpa da lua que tem em virgem – e precisa de tempo para escrever e organizar os seus sentimentos. Para consolidar a sua arte, recorre às suas inspirações musicais, personificadas nesta digressão na figura de Djavan, a quem fez um tributo. Ouvimos “Outono”, “Oceano”, “Aquele Um” e “Tanta Saudade”, em arranjos originais que as transformaram num corpo coeso, em perfeita harmonia com o resto do repertório.
O público, derretido aos seus encantos, não a deixou cantar sozinha, dando especial fôlego aos singles “Psiu” e “Baby 95”. “Vitoriosa” veio também compor o alinhamento que trouxe Indigo, Borboleta Anil quase na íntegra à Casa da Música. De fora, apenas ficou “Lalange”, talvez guardada para alturas de menos festa do que aquela que se vivia na sala Suggia.
O encore deu-nos “Mel”, que começou em jeito de declamação e desaguou numa interpretação nada acústica da faixa que encerra o álbum. Liniker despediu-se com “Diz Quanto Custa”, numa chuva de aplausos que só terminou quando os músicos e o público, depois de mais de uma hora e meia de concerto, foram convidados a sair pela música ambiente que começou a tocar na sala, relembrando-nos a todos, que o que é bom, infelizmente, tem fim.
Imagem gentilmente cedida por Eduardo Filho (@eduardfilh)