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Luís Filipe Pirré: “Várias penhoras e processos judiciais impunham que AAC/OAF se apresentasse a insolvência”

Advogado responsável pelo processo refere que receitas provenientes dos concertos dos Coldplay adiantaram processo, mas considera que insolvência era “inevitável”. Pirré afasta possíveis dificuldades resultantes da valorização do património do OAF.

Cerca de um ano após o pedido de insolvência da Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) ter feito um pedido de insolvência com plano de recuperação, é agora vez da Associação Académica de Coimbra / Organismo Autónomo de Futebol (AAC/OAF) fazer o mesmo. O anúncio foi feito no passado dia 2, mas os contornos ficaram ainda por compreender, uma vez que as explicações foram remetidas para a Assembleia Geral desta sexta-feira, dia 16. No entanto, a Rádio Universidade de Coimbra adiantou-se e, no âmbito do programa Prognósticos, esteve à conversa com Luís Filipe Pirré, advogado responsável pelo processo.

Apontando ao relatório de contas relativo ao exercício de 2021/2022, aprovado em janeiro do presente ano, Pirré traça o estado da arte: contas negativas em 4,7 milhões de euros (valor que, segundo explica, deve ser hoje mais modesto) e capitais próprios negativos em 1,4 milhões de euros. Perante este cenário, o advogado afirma que o OAF já estava em “situação de putativa insolvência” e que “não havia alternativa”.

Mas porquê agora? Luís Filipe Pirré assume que solução encontrada já era uma inevitabilidade, mas que esperava que o pedido só fosse acontecer mais perto do final do ano civil. Fruto dos concertos dos Coldplay, a Académica beneficiou de algumas receitas que foram prontamente penhoradas à ordem de múltiplos dos credores da entidade, o que apressou o pedido de insolvência.

Em relação à insolvência da SDUQ, os processos divergem num aspeto: ao passo que a Sociedade não tinha património próprio, o OAF é detentor de alguns espaços (nomeadamente, do Pavilhão Jorge Anjinho e do Campo do Bolão), pelo que os credores poderiam não ver com tão bons olhos a apresentação do plano de recuperação. Na resposta ao problema colocado, o advogado tranquiliza os associados da Académica e explica que “a questão da valorização do património é uma falsa questão” – “no caso do pavilhão Jorge Anjinho, diria que a valorização é 0. no Bolão não é 0, mas é pouco mais do que 0”.

De acordo com Pirré, esteve ainda em cima da mesa a possibilidade de fazer um Plano Especial de Revitalização (PER) – algo que também já tinha sido equacionado aquando da insolvência da SDUQ. Feitas as contas, o responsável conclui que o plano “tem um determinado enquadramento e determinados requisitos que não conseguiríamos obter”.

Uma das discussões que acabou por pautar o último Prognósticos foi a da não consulta prévia dos associados em sede de Assembleia Geral antes da tomada de decisão. No comentário, o advogado considera que auscultação não tinha de ser feita e assinala que a direção “foi completamente unânime”.

Ainda não existindo datas a que se possa apontar, Pirré acredita que uma primeira assembleia de credores se pode realizar após as férias judiciais (ou seja, no final de setembro) e que o plano deve ser apresentado e votado até ao final de 2023.

 

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