Coimbra celebra na rua 49 anos da revolução de Abril
Dos mais jovens aos mais velhos, os manifestantes falaram da importância do 25 de Abril e de o comemorar, sem esquecer os caminhos a cumprir.
A voz do povo conimbricense ecoou numa manifestação popular organizada para celebrar a revolução de 25 de Abril. Pela Praça da República afora, fizeram-se ouvir palavras de ordem como “Somos muitos, muitos mil para continuar Abril” e ainda “Governo escuta, queremos uma vida justa”. Chegada ao Pátio da Inquisição, a manifestação deu lugar a muita música. Não faltaram as habituais canções de Abril, como “Grândola, Vila Morena”.
Em declarações ao jornal A Cabra, João Caseiro, presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), lembra o papel da cidade na Revolução de Abril, pelas lutas estudantis que se deram desde a crise académica em 1969 até 1974.
Sobre a razão de assinalar o dia 25 de Abril, João Caseiro salienta a transmissão dos valores da revolução para a Academia e também para toda a comunidade conimbricense.
O representante da Amnistia Internacional de Coimbra, Luís Gouveia, que também esteve presente na manifestação, falou em entrevista à RUC da relevância do 25 de Abril para Portugal e de poder celebrá-lo livremente. Nem todos os países têm a mesma sorte, aponta Luís Gouveia.
Durante a manifestação, Luís Gouveia protestou em defesa de cinco ativistas de outros países que foram violentados quando se tentaram manifestar. Os exemplos mostram, como diz, que o direito à manifestação não é garantido em outros lugares do mundo.
Nas ruas de Coimbra, a RUC encontrou também o representante do Movimento Porta Adentro, Miguel Lopes, que refletiu sobre as questões da habitação e sobre o papel mais ativo que, no seu entender, o Estado deve ter. O manifestante recorda ainda que este dia trata não só da celebração da liberdade do povo português, mas também de outros povos que estiveram sob alçada da ditadura, como as ex-colónias de Portugal.
Para Miguel Lopes, representante do Movimento Porta Adentro de Coimbra, é importante relembrar o espírito de ação coletiva de Abril, não apenas fazer da celebração um ato performativo.
Cristina Grimaldi, presidente do Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), também participou da manifestação. Para a dirigente do TEUC, o dia 25 de Abril foi “um dos mais lindos não só em Portugal, mas no mundo inteiro”. Cristina Grimaldi afirma que enquanto brasileira e também portuguesa é com a maior satisfação que celebra o dia da Revolução.
Cristina diz que as suas reivindicações são sempre pela cultura das artes mas não deixa de reconhecer as lutas estudantis e pela habitação na ordem do dia. Menciona ainda, a este propósito, as Repúblicas, que precisam de apoio, segundo a dirigente. Acrescenta que é imprescindível estar na rua neste dia, a reivindicar, a fazer política.
Manuel Matos diz que é fundamental não esquecer o dia para o qual contribuiu há 49 anos e recorda-o. Conta que nesse dia ele também fazia a luta nas ruas da sua cidade, distribuindo panfletos contra o aumento do custo de vida. Foram meses de luta intensa nas ruas, segundo o manifestante.
A manifestação organizada pelo Ateneu de Coimbra contou com a presença de cerca de 3000 pessoas de 73 organizações culturais e artísticas, associações como a Associação Académica de Coimbra, secções, núcleos, movimentos como o Movimento Porta Adentro e as Repúblicas de estudantes.
Fotografias: Catarina Dias