[object Object]
25.04.2023POR Isabel Simões

Câmara de Coimbra cria comissão municipal para celebrar 50º aniversário do 25 de Abril

O presidente da autarquia, José Manuel Silva anunciou que a comissão está “aberta a todos os contributos que a sociedade civil, política e não política, e o tecido associativo entendam propor, participar e organizar”.

Na sessão solene que assinalou a revolução dos capitães de abril, o discurso de José Manuel Silva começou por incidir sobre o “recrudescimento de novos extremismos e a crise demográfica” que abalam a democracia.

O também médico não esqueceu António Arnaut, cocriador do SNS, que considerou ser “uma das maiores realizações da Democracia portuguesa e que está a ser posta em causa”.

Propondo “uma reflexão política sobre o presente e o futuro do nosso país”, José Manuel Silva comprometeu-se a celebrar condignamente os 50 anos da Democracia portuguesa e, por isso, propôs a criação de uma comissão municipal.

sessão solene que comemorou os 49 anos de 25 de abril de 1974 abriu com as palavras do presidente da Assembleia Municipal de Coimbra, o socialista Luís Marinho.

Para o presidente da Assembleia Municipal de Coimbra, a celebração “não se reduz a uma data histórica”, sendo antes “uma utopia partilhada e um sonho tranquilo de um Portugal melhor”. E foi com palavras sobre futuro e solidariedade com que concluiu o discurso.

CpC: “O novo maior feito das nossas vidas, aqui no nosso Município é, e pode ser, reerguer a Coimbra insubmissa, culta, exigente, livre!”

“Nesta hora limpa da verdade, é preciso dizer a verdade toda mesmo aquela que é impopular nesta hora em que se invoca o povo”. Foi com a invocação das palavras de Sofia de Mello Breyner Andresen, no 1º de maio de 1974, que começou a intervenção de Graça Simões, em representação do movimento Cidadãos por Coimbra (CpC).

Para a deputada municipal, falta “grande investimento na educação e na cultura”, para fazer a revolução a sério. “A cultura não são grandes eventos, grandes negócios”, disse numa alusão ao protocolo que a Câmara de Coimbra fez com a produtora dos Cold Play. Apoiar as escolas para levar os alunos das escolas à cultura é muito mais importante, afirmou.

Graça Simões também se pronunciou sobre a urgência da sustentabilidade ambiental terminando com o que considera ser o maior “feito das nossas vidas no município”.

CDS: “Transformar, modernizar e acelerar Coimbra”

Hugo Oliveira do CDS lembrou o simbolismo da oferta dos cravos. Para o deputado Municipal, “o 25 de Abril não tem donos mas foi um recomeço, assim como o 25 de novembro que pôs fim ao PREC – o Processo Revolucionário em Curso”.
O deputado criticou o Partido Socialista por não lembrar ter formado governo com o CDS-PP e então serem criadas as condições para o nascimento do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Considerou o atual governo socialista “exausto e sem rumo”. Lamentou a cativação fiscal com coletas nunca antes arrecadados, a Justiça “lenta e cara” e o país polarizado. Reafirmando os valores da democracia cristã, Hugo Ferreira invocou a memória de Adelino Amaro da Costa, um dos fundadores do CDS-PP.

Nós Cidadãos!: “Ter que acelerar a aprendizagem pode comprometer a qualidade”

Em dia da liberdade, Carlos Nunes da Silva, representante do Nós Cidadãos!, invocou a Guerra na Ucrânia. “A democracia trouxe direitos mas também responsabilidade”, esclareceu o deputado municipal, para quem “unidade, lealdade, honra e honestidade” são menos utilizadas na atualidade pela sociedade portuguesa.

Afirmando não ser “apologista de um país pobre”, lamentou que Portugal ande “orgulhosamente de mão estendida a mendigar na Europa”. Para Carlos Nunes da Silva, “falta estratégia a médio e a longo prazo”. Deixou algumas perguntas ao governo.

CDU: “Nunca é demais afirmar que a liberdade e a democracia são fruto da contestação à guerra colonial”

“Aquilo que agora nos parece tão elementar – falar diverso, e, ainda por cima, neste salão da Câmara Municipal, em representação dos eleitores, seria há 50 anos, pura e simplesmente impossível”, afirmou Manuel Pires da Rocha, deputado da CDU.

O deputado comunista lembrou Alberto Vilaça, Lousã Henriques e Arnaldo Januário, conimbricense falecido no campo do Tarrafal em Cabo Verde. Todos lutadores pela causa da liberdade.

A importância dos trabalhadores, do fim da PIDE, da guerra colonial e a luta pela democracia foram valores invocados pelo deputado.

PSD: “Saibamos criar condições para preparar os próximos 365 dias com momentos de partilha e discussão sobre o 25 de Abril”

Carlos Figueiredo do Partido Social Democrata (PSD) falou sobre os valores novos que a revolução de Abril trouxe depois de “um antes que obrigava a olhar para o lado”. “Este antes não se deve repetir porque o depois é mais digno, mais humano”, enalteceu o social-democrata.

O deputado deixou o desafio para que até à comemoração dos 50 anos do 25 de abril se debata e reflita sobre a democracia e os valores democráticos.

PS:”Não se tem de ser de esquerda ou de direita, conservador ou progressista, moderado ou radical, o que se tem de ser é de Coimbra e de Abril”

Pelo Partido Socialista (PS), José Manuel Ferreira da Silva invocou Carlos Cidade que faleceu o ano passado e a felicidade com que o vereador vivia a data assinalada hoje. “Não esperem que nos remetamos ao silêncio”, disse.

O deputado do PS lembrou ao atual executivo a importância da Queima das Fitas que, no seu entender, estar a ser secundarizada perante “concertos musicais”. José Ferreira da Silva manifestou a vontade de os representantes socialistas continuarem a agir de acordo com a vontade dos conimbricenses.

Na cerimónia foram entregues os prémios da 1ª edição do Prémio de fotografia Varela Pècurto. “Ponte Pedonal”, da autoria de Miguel Augusto Meneses Mesquita ganhou o galardão máximo.

Em segundo lugar ficou a fotografia “Voltar às Ruas”, da autoria de Ana Carolina Lopes Correia Santiago. O terceiro prémio foi atribuído a “Nevoeiro na Cidade”, de Nuno Miguel da Costa Pinheiro Meneses Mesquita.

Face à “elevada qualidade das imagens”, foram atribuídas duas menções honrosas ex aequo a “Rua dos Coutinhos e Largo da Sé vigiados pela Torre”, de Hugo Jorge Pires Ferreira e a “Multivias”, assinado da autoria de João Paulo dos Reis Simões.

Fotografia: Câmara de Coimbra

PARTILHAR: