Estudantes manifestam-se contra desvalorização da academia pela CMC
O ajuntamento organizado pelo Conselho de Veteranos resulta de descontentamento não só com a alteração da data do Cortejo da Queima das Fitas face ao concerto dos Coldplay, mas também com o apoio de 440.000 euros à promotora da banda. Dux veteranorum receia que as “decisões unilaterais” perdurem no mandato do atual executivo.
“Meio milhão é quanto custa a tradição”: entre insultos dirigidos a José Manuel Silva, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, este foi um dos motes da manifestação convocada esta quarta-feira pelo Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra. Em frente à Câmara Municipal de Coimbra, por volta das 17h30, os participantes mostraram-se indignados com a alteração da data do Cortejo da Queima das Fitas para terça-feira devido ao concerto dos Coldplay. Foi, no entanto, a recente decisão da autarquia de pagar à entidade promotora do evento a quantia de 440.000 euros que motivou o grupo a sair à rua. Através de “talões de autuação” distribuídos pela cidade, pautados pela ironia, os estudantes foram chamados a pagar uma multa por ordem do “primeiro fileiro dos Coldplay”, como é apelidado José Manuel Silva.
Ao microfone da RUC, na manifestação, Matias Correia, dux veteranorum, expressa descontentamento face às decisões tomadas “de forma unilateral” pelo atual executivo em assuntos que respeitam à academia, ao longo do mandato, e mostra-se receoso quanto ao futuro. O estudante da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) explica que já no ano passado houve sobreposição do Rally de Portugal com a Serenata.
Apesar de reconhecer a dificuldade de cobrir os eventos em simultâneo, Matias Correia defende que os esforços para assegurar as festividades académicas não devem vir só da academia. O dux veteranorum entende que, além da CMC, também a entidade promotora devia garantir que a realização dos concertos da banda não põe em causa as tradições da cidade.
O veterano revela que não espera uma resposta da parte do presidente da Câmara nem que o Cortejo deste ano torne ao domingo. Aponta ainda que a mudança não seria benéfica, neste momento, porque o desfile está próximo. Ainda assim, o estudante de doutoramento de Engenharia Eletrotécnica pede mais ponderação e sintonia com a academia, daqui para a frente, dada a sua importância no município.
Em entrevista à RUC, durante a manifestação, Camila Luís, estudante de Jornalismo e Comunicação, destaca a importância de os estudantes se unirem e se fazerem ouvir. Para Camila Luís, a cidade é movida pelos estudantes e vive deles, mas não há retorno.
Após a manifestação, a RUC contactou a Câmara Municipal de Coimbra, que não se mostrou disponível para uma entrevista até à conclusão desta peça.