[object Object]

Estreou no Teatrão “esse monstro de complexidade” chamado “Time”

Uma reflexão sobre “o tempo da ciência, o tempo social, o tempo da vida, o tempo da natureza”, é o que nos propõe o espetáculo de teatro e dança oferecido pela companhia que habita a Oficina Municipal do Teatro em Coimbra. Tem espetáculos marcados até 22 de abril (interrompe apenas entre 7 e 9 de abril).

A primeira estreia do festival “Abril Dança em Coimbra” inicia um ciclo a que o Teatrão deu o nome “Tempo de…”. Este primeiro momento cogita em torno da ideia de tempo e “Time” pretende chegar a públicos adolescentes para além do público em geral. No final dos espetáculos para as escolas vai haver conversas com os alunos sobre o tema, contou-nos a atriz Margarida Sousa.

A peça permite uma viagem no conhecimento da humanidade sobre o tempo desde a mitologia grega, passando pela quarta dimensão explorada por Albert Einstein, até chegar a textos escritos por poetas portugueses, como Fernando Pessoa e os seus heterónimos ou Ana Luísa Amaral, entre outros. Uma escolha que não foi óbvia e que demorou a ser pesquisada. Segundo a coreógrafa Aldara Bizarro o processo de criação demorou “dois meses de trabalho sem parar”.

O cenário proposto por Morgana Machado Marques lembra-nos, a montanha que Sísifo subia e descia empurrando de forma interminável uma grande pedra. Na peça um grande objeto metálico, qual nave espacial, pousa no palco sobre traços brancos dispostos de forma a parecerem um grande relógio que pode marcar o passado mas também o futuro.

Os corpos em cena sobem e descem pelos declives num esforço contínuo em que corpo e voz se fundem num bailado de som e gesto pouco habitual no teatro mais clássico. Embora o Teatrão esteja habituado a explorar os desafios de outras linguagens para a atriz Sofia Coelho foi a primeira vez que trabalhou com alguém da área da dança e do movimento.

Inicialmente pensado para três atores, o espetáculo insere a Língua Gestual Portuguesa (LGP) no próprio bailado. Aldara Bizarro esclarece ter tido vários projetos que tiveram interpretação da Língua Gestual Portuguesa mas em que o texto era entregue e as pessoas apareciam já o espetáculo “estava feito”. Como o Teatrão tem uma parceria com a Escola Superior de Educação (ESEC), Inês Lino, aluna da escola a realizar um estágio curricular LGP no Teatrão esteve sempre presente. De acordo com a coreógrafa “era impossível não integrá-la porque aquilo que ela fazia era mesmo muito bonito”.

Inês Lino conta-nos o que aprendeu ao ser também bailarina e atriz.

Acompanhados pelo professor de LGP na ESEC, Pedro Oliveira, ator e atrizes também eles se aventuram pela Língua Gestual Portuguesa. O entusiasmo foi tanto que Aldara Bizarro teve “que travar muita coisa porque os atores queriam muito aprender e aprenderam rapidamente”. A composição musical original pertence a Luís Pedro Madeira. A montagem e operação de som e luz  estão por conta de Jonathan Azevedo e Nuno Pompeu. A RUC assistiu a um dos últimos ensaios antes da estreia.

O ator João Santos deixou-nos motivação para voltarmos a assistir ao espetáculo.

As próximas  sessões de Time estão marcadas para 14, 15, 21 e 22 abril às 21h30. Também nos dias  5, 6, 12, 13, 19 e 20 abril há espetáculo mas às 19h00.

Em paralelo à criação de “Time” realizou-se na Oficina Municipal do Teatro uma oficina de movimento para jovens chamada “Dançar o tempo”. Criada por Aldara Bizarro teve como público-alvo jovens entre os 14 e 17 anos da cidade de Coimbra.

Pode saber mais sobre o espetáculo na próxima terça-feira, dia 4 de abril, no programa Culturama.

Fotografia: Teatrão@Teresa Valente

PARTILHAR: