O Festival Tremor regressa a S. Miguel para celebrar o 10º aniversário
O Tremor acontece entre os dias 28 de março e 2 de abril, na ilha de São Miguel, nos Açores, e a Rádio Universidade de Coimbra vai lá estar para medir a intensidade do abalo. Em antevisão, estivemos à conversa com Joaquim Durães, um dos diretores artísticos do festival, e com Filipe Furtado, uma voz oriunda do arquipélago, que é bem conhecida do éter da RUC, e que vai atuar no festival.
O festival começa a fazer-se sentir já no próximo fim-de-semana, com um programa paralelo denominado Terra Incógnita. Através de residências artísticas, o festival desafia músicos nacionais e internacionais a juntarem-se para desenvolverem uma banda sonora para um percurso num local natural revelado no próprio dia, numa simbiose entre o espaço e a criação. A norueguesa Mira Thiruchelvam, Marlene Ribeiro e MA Ç ARICO já estão na ilha em processo de partilha e construção, assim como a banda de death-metal Holocausto Canibal e o artista de noise Zkum, e ainda os Sensible Soccers com Inger Hannisdal.
Pelo Tremor, vão passar nomes internacionais como Owen Pallett, Dame Area, Marina Herlop, Lucrecia Dalt, Grove, Lalalar, entre outros. Entre o contingente nacional, destacam-se Unsafe Space Garden, VAIAPRAIA, Inês Malheiro, King Kami e DJ Urânio & Mc Sissi. Para além disso, vários artistas e coletivos do arquipélago também vão subir a palco, como por exemplo, Atelineiras & Paco Piri Piri, Filipe Furtado e Som.Sim.Zero.
Em entrevista, Joaquim Durães, diretor artístico do festival, sublinhou que o verdadeiro cabeça de cartaz do Tremor é a própria ilha de São Miguel, a sua geografia, as suas comunidades e os seus incríveis espaços verdes.
No dia 31 de março, às 21 horas, Filipe Furtado volta a casa para atuar pela segunda vez no Festival Tremor, na Igreja do Colégio. O radialista e cantautor lançou o seu disco de estreia “Prelúdio” no final do ano passado e fala-nos sobre o seu percurso e sobre o lugar que o território onde nasceu ocupa na sua música. O “ruquinano” refere, ainda, a importância do Tremor no contexto cultural e social de São Miguel.
A Escola de Música de Rabo de Peixe e a Associação de Surdos da Ilha de São Miguel (ASISM), por exemplo, são duas das entidades locais com as quais o festival tem trabalhado desde o início. Em 2022, os Som.Sim.Zero, projeto que nasceu do abalo musical anual e que junta elementos da Escola de Música de Rabo de Peixe, da ASISM e do coletivo ondamarela, foram a primeira banda açoriana a atuar no Rock In Rio, num momento que um dos fundadores do Tremor, António Pedro Lopes, referiu como “importante e emocionante”.
Em fevereiro de 2023, o Teatro Micaelense, instituição pública do Governo dos Açores, sublinhou a intenção de vender o Cineteatro Miramar, equipamento onde funciona a Escola de Música de Rabo de Peixe. Foi, então, criada uma petição pública contra a venda em hasta pública deste espaço. A história é um dos exemplos que revela que o Tremor é mais do que a música, participando ativamente para potenciar e transformar o ecossistema que ocupa. Os Som.Sim.Zero voltam a atuar na edição deste ano, no dia 1 de abril, às 21 horas e 30.
Rabo de Peixe vai ser também palco das Receitas de Baú, uma iniciativa que começou na edição de 2022, em parceria com a VidaAçor – Associação de Desenvolvimento Comunitário, com o objetivo de preservar o património gastronómico da zona. Como afirma o músico Filipe Furtado, em entrevista:
“[o Tremor] é feito a pensar no que São Miguel tem de melhor. (…) O trabalho que fazem em Rabo de Peixe, que tenta quebrar com as estruturas da pobreza e da falta de acesso [à cultura], é super importante: mostra o papel social que um festival pode ter”.
Um festival com um programa muito diverso, à semelhança do espaço que ocupa, que começa no 28 de março e se estende até à madrugada de dia 2 de abril. Acompanhem o festival nas redes sociais do Tremor e da RUC.