[object Object]
14.03.2023POR Maria Nolasco

Concerto de aniversário deixou colunas do TAGV bem quentes | crónica RUC

“37 anos, é até arder!” é o mote que guia as festividades deste aniversário da RUC. No passado dia 3 de Março, no Teatro Académico Gil Vicente, os OCENPSIEA e os Quelle Dead Gazelle ficaram encarregues de incendiar o palco com as suas batidas.

Aniversário da RUC não podia deixar de ter um concerto para comemorar estes 37 anos no ar. Para abrir este concerto, contámos com os OCENPSIEA, banda de Braga e que veio trazer os seus grooves e batidas ao TAGV, começando a aquecer a sala.

Durante sensivelmente uma hora, fomos conduzidos pelas melodias da banda, existindo sempre uma grande coesão ao longo de todo o concerto. O público foi levado a flutuar entre a exuberância rítmica e quente, mas também com pontos mais calmos e prontos para arrefecer as colunas. Apesar de um contratempo técnico nos momentos finais do primeiro tema, os OCENPSIEA souberam dar a volta e ainda nos presentearam com um pequeno momento acústico, não deixando a sala cair no silêncio e especulação do que poderia surgir dali.

 

Para dar mais corpo às músicas, Mafalda juntou-se a este projecto. As suas harmonias vocais misturavam-se, de forma ideal, com a sonoridade da banda. Além disso, foi esta voz que ajudou a transmitir o sentido de humor das letras dos OCENPSIEA. “Isto é Água” foi um dos temas que apresentaram no palco do TAGV e que exemplifica bem este sentido humorístico da banda.

 

Há uma certa leviandade no trabalho dos OCENPSIEA que, apesar de mostrarem um certo descomprometimento, não perdem a sua linha guia e foco. Esta leveza notou-se no concerto, quando os membros da banda estavam tão confortáveis em palco, que quase parecia estarem numa jam session. Para terminar esta estreia em Coimbra, os OCENPSIEA apresentaram um novo tema com a já habitual linha rítmica. A sala ficou bem quente para o concerto que se ia seguir, desta vez a cargo dos Quelle Dead Gazelle.

Frente a frente, Miguel Abelaira e Pedro Ferreira criaram a perfeita união entre a bateria e a guitarra. Miguel pintava o espaço à sua volta recorrendo a movimentos dramáticos enquanto tocava bateria. Estas pancadas no instrumento pareciam, à primeira instância, frenéticas. Mas, a verdade, é que eram de tal forma controlados que os braços de Miguel ficavam suspensos no ar, à espera da entrada perfeita.

Já Pedro, esse acompanhava as batidas com a sua guitarra. E, funcionando como contraponto para a paralisação de Miguel nas baquetas, o guitarrista do duo balançava-se ao ritmo da música, explorando o espaço à sua volta. A verdade é que era impossível ficar quieto enquanto se ouvia o resultado deste dueto. Foi um concerto electrizante, mas sem nunca perder o fôlego. O som dos Quelle Dead Gazelle, apesar de serem só dois, enchia por completo a sala do Teatro Académico de Gil Vicente. Contudo, foi com recurso à iluminação do palco que esta sensação de preenchimento ficou completa.

Esta atuação deu a conhecer o novo longa duração da banda, “Dança Suja Chão Sujo”, um reencontro dos músicos ao fim de uma longa pausa. Neste novo trabalho, e como foi comprovado no concerto, a guitarra de Pedro interliga-se mais com as raízes tradicionais portuguesas. Já a bateria é fundada em ritmos africanos e tradicionais, mas sem perder o sentido do rock, como já é habitual.

O aquecimento foi feito neste concerto duplo, sem colunas a arder, mas deixando o público preparado para continuar as festividades dos 37 anos desta casa feliz, que é a Rádio Universidade de Coimbra.

 

Fotografia de Fausto Silva

PARTILHAR: