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Por Coimbra, Diana Andringa reflete sobre passado, presente e futuro do jornalismo

A Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) convidou Diana Andringa, ex-presa política, 11.ª jornalista a exercer em Portugal, cronista e documentarista, para um encontro entre profissionais da comunicação social – e também aspirantes. A jornalista falou sobre o seu percurso profissional, durante e após a ditadura, partilhou inquietudes sobre o presente da profissão e apontou para o que considera necessário no futuro.

Os Encontros Intergeracionais de Comunicação são uma série de conferências organizadas pela Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC), que pretendem estabelecer pontes entre diferentes gerações de profissionais – e inclusive futuros profissionais – ligados à comunicação social. O objetivo do diálogo intergeracional, segundo a ESEC, passa por tentar compreender as mudanças que a comunicação social sofreu ao longo das últimas décadas, mas também os desafios que os profissionais da área enfrentam nos dias de hoje, tudo isto sem deixar de olhar para o futuro.

Na quarta-feira, dia 15 de fevereiro, o auditório da ESEC recebeu a primeira sessão dos Encontros Intergeracionais de Comunicação, para a qual foi convidada Diana Andringa, ex-presa política e resistente antifascista, que iniciou durante a ditadura os estudos em medicina, mas acabou por dedicar-se ao jornalismo.

Diana Andringa recorda que desde cedo quis ter uma profissão que fosse útil às pessoas e, vivendo em plena ditadura, considerou que nada seria mais útil do que tentar denunciar as terríveis situações que o regime encobria naquele tempo.

Apesar de ter estudado e iniciado a sua vida profissional durante o Estado Novo, Diana Andringa destaca a solidariedade e a camaradagem que se verificavam entre colegas naquele tempo. Conta ainda um episódio que prova que, apesar das divergências, o jornalismo é uma profissão que deve ser cumprida com elevação.

A jornalista refere que os profissionais da comunicação social mostram ao mundo coisas que de outra forma as pessoas não conseguiriam ver. Por outro lado, na visão de Diana Andringa, os jornalistas são pessoas privilegiadas, no sentido em que são pagos para contar histórias e têm a oportunidade de ouvir pessoas com quem nunca falariam se não trabalhassem nos media.

Diana Andringa salienta que o jornalista deve desempenhar o seu papel respeitando sempre a dignidade e o direito à privacidade dos outros. Reforça dizendo que todos “têm o direito a serem preservados da voracidade do jornalista”. Confessa ainda que “tem dias em que adoece a olhar para o telejornal” e “tem pena e vergonha de ser jornalista”. A jornalista sublinha a necessidade de a profissão ser exercida com responsabilidade perante as fontes e aqueles a quem é servida a informação.

Os Encontros Intergeracionais de Comunicação são organizados por António Figueiredo, Cláudia Cambraia e Susana Borges, com a colaboração dos alunos da licenciatura em Comunicação Social da ESEC e vão decorrer mensalmente no auditório da instituição até ao mês de maio.

Fotografia: Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra

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