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16.02.2023POR Isabel Simões

Bispo auxiliar de Lisboa considera que face ao sofrimento das vítimas de abusos sexuais na igreja “tudo o resto é secundário”

Américo Aguiar, presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude 2023 e bispo auxiliar de Lisboa, considera que os casos de abusos sexuais na igreja católica portuguesa não mancham a Jornada.

Coimbra recebeu Américo Aguiar para uma sessão de sensibilização e esclarecimento sobre a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Instituto Universitário Justiça e Paz. Antes, o prelado falou com a comunicação social. Para o sacerdote, a preocupação da Igreja deve centrar-se no sofrimento das vítimas.

O bispo auxiliar de Lisboa realçou a importância de a Conferência Episcopal Portuguesa ter avançado com a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica e criado “todas as condições” para que a mesma fizesse o seu trabalho.

“Agora é o momento de lermos o documento” de 500 páginas e de “quem de direito tomar as decisões que são urgentes, necessárias e inadiáveis para que não volte a acontecer”, disse.

Sobre a possibilidade de os resultados da Comissão Independente poderem diminuir a participação dos peregrinos na JMJ, Américo Aguiar mencionou que as inscrições, até ao momento, estão em linha com o historial de jornadas anteriores.

O bispo auxiliar de Lisboa informou que a Igreja está a ultimar um protocolo com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) e com outras instituições, de forma a ser dada formação aos voluntários para serem criadas condições de apoio antes, durante e depois da Jornada Mundial da Juventude. Vão existir locais onde quem tenha algum problema, seja ele de crime de abuso sexual ou outro, “possa ter alguém que socorra, que acompanhe, que cuide”, anunciou.

Da lista de nacionalidades, dos cerca de meio milhão de jovens inscritos, constam já 183 países, mas Américo Aguiar gostava de contar, pelo menos, com jovens de todos os países da lista oficial das Nações Unidas. O Centro Regional de Informação das Nações Unidas diz-nos que na atualidade são 193 os Estados-membros da ONU. O bispo auxiliar de Lisboa lembrou a expectativa do papa Francisco em relação à Jornada Mundial da Juventude.

Numa sala composta, foram vários os estudantes universitários do Serviço Pastoral do Ensino Superior de Coimbra que marcaram presença. O bispo auxiliar de Lisboa não se recusou a responder a questões colocadas pela assistência e não escondeu as preocupações, dificuldades e desafios que um empreendimento da natureza da JMJ coloca. “Se der prejuízo a igreja paga, se der lucro devolvemos aos jovens de Lisboa e de Loures”, contou.

“A marca identitária” da Jornada Mundial da Juventude vive muito da participação de voluntários. Américo Aguiar fez para a comunicação social um balanço da adesão ao voluntariado.

Segundo o bispo auxiliar de Lisboa, a jornada é a primeira em que todos os peregrinos são nativos digitais. As preocupações com o ambiente levaram os decisores a eliminar o papel. Está também assegurado o acesso dos jovens a cuidados de saúde e estão a ser desenvolvidos trabalhos para não haver comida desperdiçada.

Uma semana antes das jornadas que se realizam de 1 a 6 de agosto, comitivas de vários países vão estar em várias dioceses. Segundo Américo Aguiar a procura está a ser “grande por parte dos jovens do mundo inteiro”.

O próximo encontro no Instituto Universitário Justiça e Paz está marcado para o dia 15 de março com Laborinho Lúcio, elemento da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica.

A Jornada Mundial da Juventude nasceu na sequência do encontro do Papa João Paulo II com jovens, em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude. Em 2016, Cracóvia na Polónia acolheu o encontro de jovens com o Papa, em 2019 foi a vez da Cidade do Panamá e agora em 2023 será a vez de Lisboa.

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