“Now Here, Nowhere” de Victor Torpedo inaugura celebração dos 20 anos do CAV
Com a chegada do curador, Miguel von Hafe Pérez ao CAV aprofunda-se a ligação aos artistas de Coimbra. Inês Moura, natural da cidade também foi convidada a expor. A programação “diversificada” conta com mais exposições de mulheres artistas. Judite dos Santos, Júlia Ventura, Maria Capelo e Dalila Gonçalves também fazem parte das propostas do novo curador para 2023.
“Now Here, Nowhere” de Victor Torpedo recupera imagens de negativos dados como desaparecidos. Conta momentos vividos pelos Tédio Boys, de que Victor Torpedo fez parte, a partir do livro que documenta a digressão nos Estados Unidos da América. A mostra de fotografias da autoria do guitarrista da banda tem curadoria de Filipe Ribeiro. A exposição vai ficar patente no Centro de Artes Visuais/Encontros de Fotografia (CAV) de 11 de março a 28 de maio. Uma estreia absoluta, revelou Miguel von Hafe.
A programação intitulada “A vida, apesar dela” foi apresentada na última terça-feira, dia 14 de fevereiro. “São 20 anos de CAV e quase 40 anos dos Encontros de Fotografia”. “Um grande milagre depois de tudo o que passámos, estarmos vivos”, afirmou o diretor artístico da instituição cultural de Coimbra, Albano Silva Pereira.
O responsável adiantou os objetivos da nova programação.
Em paralelo com “Now Here, Nowhere”, no espaço mais pequeno da instituição haverá uma exposição de fotografia dos anos 90 do século passado de Luís Palma, “Escuro”. Vai mostrar imagens que o artista realizou no início dos anos 90 nos Estados Unidos. “Uma série de fotografias das margens da Cultura” uma exposição que vai criar um “diálogo bastante interessante com a exposição do Victor Torpedo”, mencionou Miguel von Hafe.
A 17 de junho chega um trabalho sobre a coleção do Centro de Artes Visuais, a repetir nos três anos posteriores. Centrada na questão do retrato e do autorretrato pretende criar percursos dos artistas que trabalham a fotografia mas também apresentar “novos modos de representação entre artistas mais jovens”.
Nesse período de exposição, a partir de 7 de junho, tem lugar outra mostra, algo que para o novo curador é “uma espécie de afirmação também da maneira como o CAV se quer relacionar com a cidade”, a exposição da Inês Moura. Uma artista natural de Coimbra mas cujo trabalho “se estendeu a outras geografias”.
Setembro será o tempo de ir ao encontro de autores “que não têm a visibilidade que merecem”, revelou o novo curador. Vão ser mostrados trabalhos de criadoras dos anos 70, 80 e 90 do século passado e que, segundo Miguel von Hafe, o público nunca viu ao vivo. Judite dos Santos participou num programa de Arte Pública em Times Square. Júlia Ventura iniciou o percurso artístico nos Países Baixos. A mostra “Des-Silenciar” fica até 2 de dezembro, o curador dá-nos conta do que vamos ver de Judite dos Santos.
Uma série de desenhos de Maria Capelo, artista natural de Lisboa, acompanha ao mesmo tempo a exposição anterior até 2 de dezembro.
As exposições de Palolo e Dalila Gonçalves fazem a transição para 2024, com obras que o público “viu pouco ou nunca viu”. Enquanto de Palolo a mostra vai cobrir o segmento de 66 a 72 do século XX, com obras que representam a fase POP do artista, Dalila Gonçalves vai apresentar um trabalho inédito.
Durante os próximos quatro anos o CAV quer realizar um colóquio anual sobre “Políticas de gosto” que seja “uma plataforma de diálogo” e para o qual vai convidar decisores políticos, representantes autárquicos, artistas, diretores de museus e demais profissionais da área da Cultura.
A itinerância da coleção do CAV por outros lugares da cidade, apesar das dificuldades que coloca, também está nos planos da casa. Resolver com celeridade a renovação do site do CAV é outro dos projetos em curso.
No ‘podcast’ acima pode ouvir as razões que levaram Miguel von Hafe Pérez a aceitar o desafio que o CAV lhe lançou e também a resposta de Albano Silva Pereira a uma possível reedição dos Encontros de Fotografia.
Fotografias: Centro de Artes Visuais/Encontros de Fotografia