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Convento São Francisco acolhe exposição sobre lutas estudantis

Inaugurada em Lisboa a 24 de março, Dia do Estudante, a exposição “Primaveras Estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril” chega a Coimbra no dia 10 de dezembro.

A exposição foi apresentada esta tarde no Café Concerto do Convento São Francisco. Marcaram presença o presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), João Caseiro, a comissária executiva da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, Maria Inácia Rezola, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), José Manuel Silva e o diretor do Departamento de Cultura e Turismo da CMC, Paulo Pires.

Ao abrir o encontro o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, lembrou a importância dos movimentos estudantis no derrube do Estado Novo. Muitos dos jovens estudantes incorporaram as Forças Armadas e influenciaram o movimento que deu origem ao 25 de Abril, referiu o autarca.

Segundo Maria Inácia Rezola a exposição pretende  revelar a importância do movimento estudantil para a existência da democracia em Portugal. A vinda para Coimbra tem, de acordo com a curadora, “todos os significados”.

Em 1962 a proibição da celebração do Dia do Estudante, pelo então ministro da Educação, provocou a concentração de milhares de estudantes em Lisboa na Cidade Universitária em protesto. A luta estudantil incluiu greve às aulas, cargas policiais e detenções de estudantes. A Academia de Coimbra solidarizou-se com os colegas estudantes de Lisboa. Na sequência da carga policial, Marcelo Caetano, então  reitor da Universidade de Lisboa, demite-se.

Maria Inácia Rezola  referiu que a partir de 1962 as bandeiras do movimento estudantil mudaram “radicalmente” e reforçou a importância do contributo das lutas estudantis para o regime democrático que temos hoje.

João Caseiro, agradeceu a todos os então estudantes cuja luta permitiu aos atuais serem “ouvidos”. “Temos outras causas e estamos na linha da frente nas causas societais”, disse. “Enquanto estudantes temos um papel alargado de contacto com toda a sociedade”. “Foi o contexto histórico” que permitiu aos estudantes terem  “uma voz” e serem “ouvidos”, lembrou.

O presidente da DG/AAC salientou a importância de a exposição ser recebida numa cidade em que existe uma Academia cuja luta também “impulsionou a mudança” no país.

Paulo Pires apresentou toda a programação paralela que vai acompanhar a exposição.
Os cartazes foram um “gatilho muito importante nos movimentos estudantis e em toda a oposição à ditadura.

As palavras de ordem e a criatividade de alguns artistas substituíam o que a PIDE e a censura não permitiam que viesse à luz do dia de viva voz. Para que a memória perdure, a organização preparou um conjunto de oficinas destinadas aos estudantes do primeiro e segundo ciclo do secundário.

A importância da Rádio como motor de divulgação vai ser materializada com um conjunto de oficinas destinadas aos públicos mais jovens que vão ter a colaboração da Rádio Universidade de Coimbra, acrescentou o diretor do Departamento de Cultura e Turismo da Câmara de Coimbra.

A mostra apresentará cartazes filmes e entrevistas bem como elementos de reprodução dos panfletos que informavam a população do que se estava a passar. A curadoria recolheu, entre outros, espólio de privados, elementos do arquivo da RTP, elementos da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, do arquivo Ephemera de Pacheco Pereira e fotografias da Secção de Fotografia da Associação Académica de Coimbra.

Com entrada gratuita, a exposição vai ficar distribuída por vários locais do Convento São Francisco (Sala do Capítulo, Galeria Pedro Olayo (filho) e corredor do piso 0). Pode ser visitada de quarta a segunda-feira, das 15h00 às 20h00 (última entrada às 19h30). A mostra fica no Convento São Francisco até ao dia em que se assinalam os quarenta e nove anos da revolução de 1974.

A organização da mostra pertence à Comissão Comemorativa dos 50 Anos do 25 de Abril e contou com a coordenação de Álvaro Garrido, diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. A inauguração da exposição em Lisboa iniciou as comemorações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril em Portugal.

Fotografia: CMC e Catálogo da Exposição

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