Sondagem ‘A Cabra’/RUC: Maioria dos estudantes não defende o fim da propina
499 dos 1000 estudantes interpelados não se revêm na posição inscrita nos estatutos da AAC, sendo que 75 afirmam não ter opinião formada. A tendência é mais acentuada entre pessoas que respondem “Não sei” em relação a quem votar para a DG/AAC.
No âmbito das eleições para a Direção-Geral e Mesa da Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra, o Jornal Universitário ‘A Cabra’ e a Rádio Universidade de Coimbra juntaram-se para realizar uma sondagem entre os estudantes da associação. Para além de averiguar os resultados do ato eleitoral, o estudo propõe-se a ir mais além e procura saber qual a opinião dos estudantes acerca de vários dos assuntos que dominam a agenda da associação.
78% dos inquiridos quer que a propina desça, mas apenas 42,6% quer que taxa deixe de ser pago
A luta contra a propina, travada pela Associação Académica de Coimbra desde o princípio dos anos 90, surge como um dos traços identitários da instituição que, nos seus estatutos, defende “o Princípio da Defesa do Ensino Superior Público, democrático, universal, gratuito e de qualidade” (Artigo 2º, 1. g)). No entanto, os resultados da Sondagem ‘A Cabra’/RUC revelam que aquela que outrora se considerava uma questão mobilizadora dos estudantes já não é consensual.
Olhando para o gráfico acima salta à vista a grande fatia amarela que representa a quantidade de pessoas que, para conclusão da frase “A propina deve ser…”, responderam “Diminuída”. Para perceber o valor em causa é necessário atender a que outras das opções (que aparecem como menos votadas) são “Gradualmente diminuída até zero” e “Abolida”. Assim, podemos deduzir que os 35,4% de pessoas que escolheram a hipótese mais votada acabam por não querer a gratuitidade da frequência no ensino superior. A estes juntam-se também os 13,2% que se sentem confortáveis com o atual valor da taxa e os 1,3% que querem ver o seu aumento, totalizando 49,9% de estudantes a defender que a propina não acabe – se considerarmos que 7,5% não tem opinião formada (sendo assim a questão colocada pelo inquérito para a qual mais estudantes apresentam uma convicção), podemos mesmo dizer que a maioria do universo não se coloca ao lado da luta subscrita pela AAC.
Só 43,9% dos associados se identificam com posições das listas candidatas à DG/AAC
De acordo com os dados recolhidos, as posições assumidas pelas diferentes listas candidatas à Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) não representam grande parte dos estudantes da Universidade de Coimbra.
A Lista E, encabeçada por Gonçalo Lopes, é aquela que tem uma postura mais radical face à propina, conforme referido em debate: “o nosso projeto não vai defender a propina zero, a nossa Direção-Geral vai defender o fim do ato da propina, taxas e emolumentos”. Ora bem, esta posição, traduzida na opção “Abolida”, conta com a aceitação de apenas 18% do eleitorado abordado. Por seu lado, a diminuição gradual da propina até 0, posição defendida pela Lista S, de João Caseiro, conta com 246 apoiantes, ou seja 24,6% das pessoas que responderam à sondagem. Menos bem vista é a proposta da Lista P, que almeja a subida da propina de estudantes nacionais até que atinja o valor de estudantes nacionais: na amostra considerada, apenas 1,3% (13 pessoas) se mostraram abertas a aumentar a propina.
Ficha Técnica:
Este inquérito foi realizado no dia 10 de novembro, entre as 9 e as 18 horas. 1000 estudantes foram questionados, correspondendo a cerca de 3,5% dos estudantes da Universidade de Coimbra (UC), de forma aleatória, de entre todas as faculdades, sendo que se considera margem de erro de 3% para um intervalo de confiança de 95%. A distribuição das amostras foi feita com base em dados numéricos cedidos pela UC, tendo em conta quantos estudantes tem cada unidade orgânica. A responsabilidade desta sondagem é do Jornal Universitário de Coimbra – A CABRA e do Departamento de Informação da Rádio Universidade de Coimbra.
(Fotografia: Diário de Coimbra)