Debate para DG/AAC marcado por visões diferentes para o futuro da vida académica em Coimbra
Com a aproximação das eleições para a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), foi organizado o debate com os três candidatos à presidência, onde foram abordados assuntos de interesse ao corpo académico como o prato social, a habitação em Coimbra, o valor das propinas, as obras de requalificação do edifício da AAC, entre outros.
O debate para a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) teve lugar no Teatro Académico Gil Vicente no dia 9 de novembro e contou com 3 participantes: Gonçalo Lopes, pela Lista E – “Estudantes Primeiro”, João Caseiro, pela lista S – “Sentir Académica”, e por fim, Wilson Domingues, pela Lista P – “Parem de EmPatar”. O debate foi moderado por Helena Pais, da Rádio Universidade de Coimbra e Luísa Macedo Mendonça, do Jornal Universitário ‘A Cabra’.
O primeiro tópico do debate, foi o do prato social e as condições de utilização das cantinas da Universidade de Coimbra (UC). Gonçalo Lopes realçou a ação dos estudantes em Assembleia Magna para manifestar o prato social nas Cantinas Rosas, embora considere que esta ação não é suficiente. O representante da lista E também se debruçou sobre a impossibilidade de pagamento em numerário, apelando por algum tipo de resposta nesta problemática. Para terminar, Gonçalo Lopes acusou a atual DG/AAC de pouca mobilização e divulgação em certos momentos, como a manifestação de 29 de setembro.
Em resposta, João Caseiro disse não concordar com o representante da lista adversária, defendendo que durante o último ano têm feito um trabalho de reivindicação e intervenção bastante ativo, principalmente em relação à reversão do congelamento da propina.
Wilson Domingues, por outro lado, defende que o prato social é “obsoleto”. Apela à adição do kebab nas Cantinas Amarelas, sugerindo ainda uma parceria entre os Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra (SASUC) e a aplicação “Uber Eats” para terminar com as filas das cantinas. Por fim, o representante da lista P – “Parem de EmPatar” apelou ao fim do arroz de pato, o que despoletou risos entre os presentes no Teatro Académico Gil Vicente.
Ao discutir o crescente aumento do custo da habitação para estudantes, foi apresentada a possibilidade do regresso do ensino à distância para prevenir o abandono escolar. João Caseiro diz que esta não é uma resposta adequada por parte da UC e que, apesar de entender a necessidade de um modelo alternativo, esta escolha não pode ter por base motivos de carácter socioeconómicos. Gonçalo Lopes concordou com João Caseiro ao preferir o ensino presencial, relembrando como a saúde mental dos estudantes foi afetada no período de ensino à distância. Segundo o representante da lista E, a UC deve focar-se em responder às exigências dos estudantes pela criação de mais residências e repúblicas, contribuindo assim para a melhoria das suas condições. No entanto, a resposta de Wilson Domingues difere bastante das dos representantes das listas adversárias, uma vez que propôs o regresso ao ensino à distância para o fim da libertação de espaços como o Paço das Escolas somente para a atividade turística. “Nada corrige melhor os problemas de oferta, do que eliminar a procura”, disse Wilson Domingues.
Ao debater a habitação em Coimbra, o tópico seguinte, de carácter semelhante, centrou-se nas Repúblicas da cidade. O representante da lista E começou por salientar a importância histórica das repúblicas para a vida da AAC e o seu papel nos momentos de luta dos estudantes e durante as crises académicas. De seguida, Gonçalo Lopes defendeu uma postura reivindicativa que a DG deve assumir, pondo de parte o diálogo e “as diplomacias”.
Como resposta, o atual presidente da DG/AAC mencionou o programa aprovado pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC) que aproximou a Câmara, a UC e a DG/AAC das Repúblicas, mais especificamente a República Rapo-Taxo e a dos Fantasmas na compra do imóvel que partilham, para evitar uma possível ação de despejo. João Caseiro responde às afirmações anteriores de Gonçalo Lopes ao reforçar que “através da diplomacia conseguimos este direito”.
Ainda na temática das repúblicas, foi ouvido o representante da lista P, que propôs a inclusão das repúblicas nas rotas turísticas da cidade para que o dinheiro acumulado desta atividade fosse diretamente revertido para as obras de requalificação dos edifícios. No entanto, caso esta medida fosse tomada, era necessária uma atenção especial ao consumidor a partir do website de ratings “TripAdvisor”.
Luísa Macedo Mendonça, moderadora do debate por parte d’A Cabra, focou-se na proposta do Orçamento de Estado para o próximo ano e como as propinas vão continuar congeladas durante o ano letivo 2023/2024. A partir desta informação, os três representantes foram questionados acerca da forma em que a AAC pretende ir (ou não) contra a proposta do governo.
Segundo João Caseiro, “a Direção-Geral de 2023, independentemente do projeto, deve trabalhar em prol da reversão desta medida do governo, lutar contra o congelamento da propina”.
Discordando, Wilson Domingues defende o aumento da propina para pôr um fim à diferença discriminatória entre o valor a pagar por parte de um estudante português e internacional. Gonçalo Lopes diferenciou-se das respostas anteriores, afirmando que “o nosso projeto não vai defender a propina zero, a nossa Direção-Geral vai defender o fim do ato da propina, taxas e emolumentos”, olhando para a propina como uma elitização do ensino.
As obras de requalificação do edifício da AAC foram outro assunto que surgiu no debate, mais propriamente, como estas não vão permitir o acesso aos estudantes de mobilidade reduzida. O recandidato para a DG/AAC respondeu dizendo que esta não é só uma responsabilidade da AAC, mas que cabe também à CMC e à UC procurar desenvolver um plano de melhoria do edifício de modo a torná-lo mais acessível. A lista P, por outro lado, pretende transferir a sede da AAC para o Student Hub, localizado no piso térreo da Faculdade de Medicina, acabando com problemas de acessibilidade. As intervenções do representante da lista E focaram-se nos problemas das obras já realizadas no edifício, durante a sua primeira fase, acusando-as de não colocarem os estudantes em segurança. Em relação às questões de mobilidade, estas já deviam ter sido abordadas “há demasiados anos atrás”.
Até ao final do debate ainda foram ouvidas as opiniões de cada lista candidata em relação à revitalização dos Jardins da AAC, os espaços de utilização das Secções Culturais e, por fim, foram discutidas questões de financiamento.
No seu momento final, Wilson Domingues mencionou uma das propostas da lista P de leiloar os dez lugares do Conselho Geral, pertencente a entidades externas, e acabou ao agradecer a Gonçalo Lopes por “ter tido um discurso de discórdia” em relação às suas intervenções. João Caseiro aproveitou os seus últimos minutos para reforçar a ideia da sua lista, “Sentir Académica”, de ser um projeto de estabilidade, inclusão e proximidade, definindo-a como um projeto experiente, com consciência das suas estruturas, tendo uma equipa capacitada, pronta para ouvir todos os estudantes. Por fim, Gonçalo Lopes encerrou o debate ao referir a lista E como um projeto sério que procura a unidade, e que quer estar próxima dos estudantes antes, durante e após a campanha. Segundo o representante, este é um projeto de luta, é combativo e zela pelos direitos e interesses dos estudantes.
As eleições para a presidência da DG/AAC e para a Mesa da Assembleia Magna (MAM) decorrem durante a próxima quinta-feira, 17 de novembro. A lista P – “Parem de EmPatar”, não participará na corrida para presidência da MAM/AAC.
(Fotografia: Jornal A Cabra)