Conselho Municipal da Juventude aprova criação de programa de apoio às Repúblicas
Depois de repúblicos pedirem ajuda financeira à autarquia para comprarem o imóvel que os alberga, o Conselho Municipal da Juventude aprovou a criação de um programa de apoio às Repúblicas da cidade. No próximo plenário, a Comissão de Acompanhamento do programa vai começar a trabalhar na elaboração do regulamento a ser submetido à apreciação do executivo.
A Real República Rapó-Táxo e a República dos Fantasmas contaram à RUC, em agosto, que estavam a tentar obter o apoio financeiro da autarquia e da Universidade de Coimbra (UC) na compra do imóvel que partilham, para evitarem uma possível ação de despejo. Acompanhadas pelo vice-presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), Daniel Aragão, as duas Repúblicas reuniram com o vice-reitor da UC, Alfredo Dias, no dia 29 de setembro, para reclamar 10% do valor do imóvel – um apoio previsto num despacho reitoral que foi emitido durante o mandato do ex-reitor João Gabriel Silva. Na semana seguinte, no dia 3 de outubro, na companhia, mais uma vez, do vice-presidente da DG/AAC, a Rapó-Táxo e os Fantasmas reuniram com o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), José Manuel Silva, e pediram, como explica Daniel Aragão, que fosse averiguada a possibilidade de a autarquia as ajudar, tendo em conta que, até ao momento, não existe um programa municipal de apoio às Repúblicas.
O assunto foi depois levantado no Conselho Municipal da Juventude de Coimbra (CMJC) que aconteceu no dia 14 de outubro. O representante da Associação de Repúblicas de Coimbra (AREPCO), Ricardo Lourenço, apresentou, em nome da Comissão Permanente do CMJC, uma proposta de criação de um programa municipal de apoio às Repúblicas, que foi aprovada. No mesmo dia, o vereador com a pasta da juventude, Carlos Lopes, que preside o CMJC, lançou o mote para a composição de uma Comissão de Acompanhamento do programa, como conta o vice-presidente da DG/AAC, que é também presidente da Comissão Permanente do CMJC.
Em entrevista à RUC, Daniel Aragão avança que a Comissão de Acompanhamento do programa de apoio às Repúblicas vai iniciar funções no próximo CMJC, que acontece em dezembro. Segundo o presidente da Comissão Permanente do CMJC, o primeiro passo é elaborar um regulamento adaptado à realidade do município, a partir do regulamento do programa de apoio da UC. Quando o documento estiver pronto, tem de ser submetido à aprovação do executivo.
Daniel Aragão garante que a DG/AAC está empenhada em ajudar as Repúblicas a reclamar o apoio da Câmara e da reitoria da UC. No entender do estudante de Economia, a autarquia e a UC têm “a obrigação” de contribuir para a preservação das Repúblicas, tendo em conta as “centenas de camas” que albergam, bem como o património material e imaterial que representam.
Como nota o vice-presidente da DG/AAC, há várias Repúblicas em risco de sofrerem ações de despejo. Em agosto, a RUC conversou com habitantes da República do Kuarenta que, tal como a Real República Rapó-Táxo e a República dos Fantasmas, estavam a tentar marcar uma reunião com José Manuel Silva para pedir apoio na aquisição do imóvel que os alberga.
A entrevista a Daniel Aragão pode ser ouvida acima, em formato de podcast.