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África Subsariana tem dificuldade em cumprir Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Países como Angola, São Tomé e Píncipe, Moçambique, Timor Leste e Guiné Equatorial têm mais dificuldades em atingir metas dos ODS em especial o terceiro sobre Vida Saudável. Graça Machel Mandela propôs uma revisão dos objetivos que tenha em conta a realidade vivida no terreno.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão na origem da realização do 1º Seminário Internacional da Rede de Enfermagem de Saúde da Mulher dos Países de Língua Portuguesa (RESM- LP) que está a decorrer na Escola Superior de Enfermagem em Coimbra até amanhã sábado, dia 22.

No painel “Mulheres a estratégia global para sobreviver, transformar e prosperar”, Graça Machel Mandela foi a conferencista convidada e fez uma intervenção ‘online’. As consequências das alterações climáticas, a pandemia, a guerra no norte de Moçambique foram mencionadas como obstáculos ao desenvolvimento de uma vida saudável nas mulheres moçambicanas. Os países não iniciam o percurso no mesmo ponto de partida, disse a conferencista. Para que os serviços de saúde sejam “muito mais humanos”, os países têm de trabalhar juntos, partilhar informação e conseguir reduzir as desigualdades, alertou a convidada.

A valorização do papel das enfermeiras e enfermeiros e a auscultação dos meios humanos e logísticos que existem no terreno, bem como a revisão dos objetivos do milénio a atingir até 2030, foram mencionados como necessários por Graça Machel Mandela. Maria Acácia Ernesto Lourenço, bastonária da Ordem dos Enfermeiros moçambicana, em declarações à RUC, esclareceu que os problemas de saúde no seu país são comuns aos países em desenvolvimento. A bastonária salientou a importância da (RESM-LP), de que é fundadora, nos cuidados da saúde materno-infantil.

Para a Maria Acácia Ernesto Lourenço a formação pode trazer “novas abordagens” e “uma modalidade de assistência inovadora que concorra para a redução da mortalidade materna”. A constituição de uma Escola Superior de Enfermagem em Moçambique já deu os primeiros passos, o ministério da Ciência e Tecnologia está a trabalhar com o Ministério da Saúde para o cumprimento do objetivo. Para a bastonária a escola é uma “prioridade”.

A enfermagem em Moçambique “faz a diferença” no Sistema Nacional de Saúde, adiantou Maria Acácia Lourenço. “Há sempre uma enfermeira 24 horas num hospital ou num centro de saúde” lembrou Graça Machel Mandela para desejar que os profissionais tenham voz ao mais alto nível das instâncias governativas. A bastonária da Ordem dos Enfermeiros de Moçambique lembra os objetivos da RESM-LP.

Em Angola como os médicos não são em grande número. São as enfermeiras que prestam a maioria dos cuidados de saúde, contou Maria Manuel de Jesus Mendes, diretora-geral do Hospital Materno Infantil Dr. Azancot de Meneses. Angola é um país jovem e populoso de África. A funcionar há três meses o novo hospital já realizou 6250 partos. Num país em que as mulheres têm em média de seis a oito filhos, as principais problemáticas na saúde têm também a ver com problemas provocados pela malária, metade das camas do seu hospital estão ocupadas por doentes com esta tipologia de doença, contou a diretora-geral.

As  “mulheres morrem por causas que não deviam morrer”, disse a conferencista. Maria Manuel de Jesus Mendes apontou a necessidade de aumentar a construção de Casas de Espera em Angola, um país com grandes distâncias, onde muitas mulheres não têm como se deslocar à maternidade para terem os filhos. Deixou ainda um apelo ao reforço da equipa que procede à operação de mulheres com fístula obstétrica.

A necessidade de erradicar a pobreza, investir na educação e dar poder às mulheres para melhorar os cuidados de saúde foi transversal a todas as apresentações a que a RUC assistiu. Não basta melhorar um ODS é importante melhorar vários.

O 1º Seminário Internacional da Rede de Enfermagem de Saúde da Mulher dos Países de Língua Portuguesa (RESM- LP) termina amanhã sábado. A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, encerra os trabalhos.

Lembramos que são 17 os ODS. Adotados por todos os Estados-Membros das Nações Unidas em 2015, definem as prioridades do desenvolvimento sustentável para 2030.

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