Governo quer aumentar o policiamento de proximidade e prevenir a delinquência juvenil
Ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro anunciou hoje em Coimbra a saída em Diário da República da abertura de concurso público para a admissão de mais 1000 polícias de segurança pública para além dos 900 que já estão formados. A Estratégia de Segurança vai passar pela proximidade às populações e pela prevenção da criminalidade juvenil.
O Convento São Francisco acolheu durante os dois últimos dias as “Coferências de Coimbra”. Desta vez tiveram como tema a “Segurança Urbana – Os Municípios e a Proteção do Espaço Público”. Na sessão de encerramento o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, informou que a Estratégia de Segurança do país vai passar por policiamento mais próximo das populações. “A proximidade é fundamental para a confiança nas instituições”, afirmou o ministro e adiantou ser uma das razões que levam o governo a reforçar o dispositivo das forças de segurança.
Durante a sessão um dos temas tratados foi a delinquência juvenil. Apesar de criminalidade geral ter diminuído em 2021, houve um aumento dos crimes praticados pelos mais jovens. O Relatório Anual de Segurança Interna 2021 menciona que os crimes cometidos por jovens entre os 12 e os 16 anos subiram 7,3% no ano passado. Uma das ameaças à segurança interna identificada tem a ver com os gangues de jovens. Na região de Lisboa já foram sinalizados cerca de 30 gangues.
O governo criou a Comissão de Análise Integrada da Delinquência Juvenil e da Criminalidade Violenta para estudar as causas do problema. “São cada vez mais jovens, mais novos e mais raparigas”, contou ontem a secretária de Estado da Administração Interna, Isabel Oneto, ao Diário de Notícias. A secretária de Estado considera necessário conhecer as causas para combater o fenómeno.
“Se os jovens não forem trazidos para o nosso lado ficam permanentemente ligados ao sistema de justiça”, esclareceu Isabel Oneto. O ministro considera que os desafios da segurança são “estruturais”. A incerteza no campo da economia, as mudanças no campo tecnológico, as alterações nos modelos do trabalho, o deslaçamento das relações, as alterações climáticas e a cibercriminalidade criam novos desafios a todos e em especial à população mais jovem.
José Luís Carneiro realça a importância de escutar este grupo da população.
A segurança exercida “como garantia do contrato social” e um diálogo profícuo com as autarquias foram mencionadas pelo governante como necessários. Quando as questões “caem na justiça e na polícia já se falhou” a montante, lembrou. A prevenção da cibercriminalidade e dos discursos de ódio ampliados pelas redes sociais também foram abordados por José Luís Carneiro.
O fenómeno actual da urbanização leva a que cerca de metade da população mundial viva em cidades. A ONU prevê que até 2050 o número se aproxime dos 70 por cento. De acordo com a secretária de Estado, a segurança “tem de estar no centro das políticas públicas e as ameaças serão “globais” mas também “locais”.
Segundo a governante, existem ilhas dentro de centros urbanos que são lugares “ótimos” para progredir a delinquência juvenil. O governo pretende contrariar essa realidade com estratégias de prevenção que começam pela identificação e combate aos comportamentos violentos a partir da escola. A Inteligência Artificicial e a aplicação de modelos preditivos para o desenho das operações de segurança também foram analisados nas “Conferências de Coimbra”.
Fotografia: CMC