Reitor da UC critica extinção dos mestrados integrados: “Haverá instituições sem estudantes para sobreviver”
Amílcar Falcão antecipou uma possível diminuição da quantidade e qualidade de alunos a ingressarem na Universidade de Coimbra. Em causa, está o aumento de vagas em mestrados de universidades “mais atrativas”.
“Aqui na Faculdade de Ciências e Tecnologias estamos a conviver um momento muito complicado”: foi assim que o reitor da Universidade de Coimbra (UC) alertou para o “problema” da extinção dos mestrados integrados nas áreas das engenharias e das ciências, durante a cerimónia de celebração dos 250 anos da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (FCTUC).
Desde o ano letivo 2021/2022, os mestrados integrados, que pressupõem uma formação conjunta de licenciatura com mestrado, passaram a ser permitidos apenas nas áreas de arquitetura, ciências farmacêuticas e medicinas, excluindo assim quase todos os cursos pertencentes à Faculdade de Ciências e Tecnologias. Segundo Amílcar Falcão, está à vista uma escassez de estudantes em instituições de ensino superior como a Universidade de Coimbra. Em causa, está o aumento das vagas oferecidas em mestrados pelas universidades dos grandes polos urbanos, provocada pela partição do mestrado integrado em dois ciclos distintos.
Para o reitor, também a extinção dos mestrados integrados causa disparidades no acesso ao mercado de trabalho. Segundo Amílcar Falcão, o peso do local onde se conclui o mestrado tornou-se preponderante: “Se essa pessoa disser que é mestre pelo Instituto Superior Técnico (IST) ou pela Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP) ainda ganha mais uns pontitos”.
Com a diminuição do número de candidaturas, Amílcar Falcão teme uma diminuição da qualidade dos alunos de 2º e 3º ciclos. “Olhando a 20 anos, se não fizermos nada hoje, estaremos a condenar a Universidade de Coimbra a uma menor qualidade daquilo que produz”, afirmou o reitor no final do discurso.
Relembre-se que foram mais de 100 os mestrados integrados que transitaram para o antigo regime de separação entre os dois ciclos de estudo, na sequência do decreto-lei proposto pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em 2021.