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Luís Reis Torgal “viajante no tempo e no espaço e no domínio das amizades” homenageado pelo CEIS20

“É outra dimensão da repressão da ditadura”, afirmou o historiador Fernando Rosas ao apresentar o livro “Brandos Costumes… O Estado Novo, a PIDE e os Intelectuais”. Coordenada por Luís Reis Torgal, a obra foi pretexto para encontro de alunos, colegas historiadores, amigos e família esta tarde no Colégio da Trindade.

Luís Reis Torgal “é um resistente” afirmou Maria Manuela Tavares Ribeiro colega e amiga do homenageado. Reis Torgal, historiador, um dos fundadores do Curso de Jornalismo da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e do Centro de Estudos Interdisciplinares do século 20 (CEIS 20) “deixou escola” e é aos oitenta anos uma “referência nacional e internacional” na investigação histórica, de acordo com o perfil traçado por Maria Manuela Tavares Ribeiro.

Esta tarde, no Colégio da Trindade, Luís Reis Torgal lembrou os amigos que partiram mas também os que por cá continuam a acompanhá-lo nas coisas da vida.

A apresentação do Livro “Brandos Costumes… O Estado Novo, a PIDE e os Intelectuais” coube ao historiador Fernando Rosas. “É outra dimensão da repressão da ditadura”, mencionou o historiador que encontrou no livro “pontos de interesse”.

Uma das questões apontadas pelo conferencista, a “violência preventiva” do Estado Novo, uma vez que a censura proibia e a polícia política mandava apreender as obras dos escritores que não agradavam ao regime. De acordo com Fernando Rosas a violência foi uma das causas principais para a duração do Estado Novo.

No entanto, a censura muitas vezes só lia o livro muito depois de ser publicado. Embora os tipógrafos e os editores estivessem obrigados a enviar as publicações à censura, muitas vezes não o faziam. O historiador dá o exemplo da prisão de Miguel Torga, um dos intelectuais mencionados no livro e que foi preso por denúncia.

Fernando Rosas explica que a obra não é sobre casos comuns mas sim um livro sobre um grupo de escritores que vivem numa “absoluta exceção”. Exceto Soeiro Pereira Gomes que era comunista, só Miguel Torga foi preso pelo que escreveu, acrescentou.

Devido ao seu prestígio a PIDE não tocou neste grupo de intelectuais. Do grupo de escritores que fazem parte do livro, apenas uma mulher consta. Natália Correia, que teve o atrevimento de escrever o ensaio “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica: dos cancioneiros medievais à atualidade”.

Também lá estão Aquilino Ribeiro, Fernando Namora e ainda Tomás da Fonseca, Ferreira de Castro, Soeiro Pereira Gomes, Jorge de Sena, Luís de Sttau Monteiro, Sílvio Lima, Joaquim Ferreira Gomes, Amílcar Cabral e Agostinho Neto.

À falta notada por Fernando Rosas de não ser abordada a obra “Novas Cartas Portuguesas” de Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno, Reis Torgal explica que “não poderiam estar todos”.

Com etiqueta da Temas e Debates a obra “Brandos Costumes… O Estado Novo, a PIDE e os Intelectuais” coordenada por Luís Reis Torgal encheu o Colégio da Trindade para ouvir falar do homenageado mas também da repressão exercida pelo Estado Novo.

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