Maria Manuel Leitão: ”Com a Inteligência Artificial o Ensino Universitário pode ser mais personalizado”
A Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra homenageou hoje, dia 7 de setembro, Maria Manuel Leitão Marques, professora catedrática da FEUC, pela sua jubilação. A eurodeputada deixou algumas reflexões sobre a digitalização, inteligência artificial e a manipulação de dados.
Um auditório cheio de amigos, alunos e de antigos colaboradores, de quanto foi secretária de Estado e ministra, recebeu de forma entusiástica a agora deputada europeia, Maria Manuel Leitão Marques. A homenagem faz parte do programa de acolhimento aos novos alunos da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC).
Considerando ter sido alguém que percebeu cedo a importância das competências digitais e da sua regulação partilhou memórias do início da FEUC, quando ainda era projeto e deixou desafios à faculdade onde lecionou.
“Jubilamos mas não morremos”, lembrou Maria Manuel Leitão. Durante a homenagem, no debate com o secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campo Largo, a eurodeputada partilhou o trabalho legislativo desenvolvido no Parlamento Europeu e recomendou a necessidade de “regulação flexível” que “teste a eficácia das regras” no mundo digital.
No final da sessão lembrou para a RUC alguma da legislação que o Parlamento Europeu publicou e que protege os cidadãos mais jovens.
Os dados e a Inteligência Artificial estão na ordem do dia da digitalização. Estima-se que cerca de 51 milhões de postos de trabalho possam desaparecer com a mesma, mencionou a docente da FEUC. Existem no entanto outros perigos apontados pela eurodeputada.
A digitalização não traz só dificuldades e perigos, tem também um lado bom. Os serviços públicos portugueses têm adotado algumas práticas inovadoras como a “empresa na hora”, ou o “cartão de cidadão”, para falar nas mais antigas. A nível da saúde a inteligência artificial não substitui os profissionais de saúde mas ajuda no diagnóstico.
Em breve, de acordo com Mário Campo Largo, a “pensão na hora” poderá ser uma realidade. Segundo o secretário de Estado, qualquer cidadão que utilize a via digital demora três meses a obter a sua pensão enquanto se o fizer em papel poderá demorar um ano. Daí a importância de toda a população adquirir competências digitais, disse.
Também a nível do Ensino Superior a digitalização pode trazer boas notícias , por exemplo “o ensino pode ser mais personalizado”, na opinião da eurodeputada.
“Não deixar ninguém para trás no país e no mundo”, não sendo tarefa fácil coloca desafios complicados em regiões do mundo menos ricas de recursos. No entanto, Maria Manuel Leitão está confiante pois os países que vão à frente podem ajudar outros a construírem “espaços de cidadão” para que a vida digital seja mais “inclusiva”.
A nível Europeu a eficácia da regulação num modelo democrático torna-se mais difícil com a existência de plataformas cujos rendimentos são superiores a muitos países do mundo. Algumas delas podiam fazer parte do G7, lembrou a eurodeputada. O cumprimento da legislação pode passar muitas vezes pela exigência dessas plataformas terem boa reputação, por parte dos seus utilizadores.
O reitor da UC, Amílcar Falcão, encerrou os trabalhos. O reitor da UC enalteceu a visão das reflexões da homenageada começando por destacar as frases da eurodeputada de que “as pessoas fazem as instituições” e que tem de haver “ambição nos projetos”.
Coube ao diretor da FEUC, Álvaro Garrido, trazer à memória dos presentes o percurso como docente, governante e eurodeputada de Maria Manuel Leitão Marques. Moçambicana de nascimento, cursou Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e foi professora Catedrática na FEUC desde 2003 e investigadora permanente do Centro de Estudos Sociais da UC. A homenageada é agora eurodeputada do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu onde é vice-presidente da Comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores.
Na sessão marcaram presença a ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro e o secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campo Largo.
Fotografia: FEUC