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Metade das gravidezes em todo o mundo acontecem de forma não intencional

121 milhões de gestações acontecem em mulheres que não esperavam ter uma gravidez naquele momento. Uma “situação alarmante” revelou a diretora do Escritório em Genebra do Fundo das Nações Unidas para a População, Mónica Ferro.

Universidade de Coimbra (UC) antecipou a celebração do Dia Internacional das Meninas e Raparigas com uma conferência intitulada “O papel da Academia na Saúde, Educação Sexual Compreensiva e Direitos Humanos” das Meninas e Raparigas. Realizou-se hoje, dia 7 de outubro no Laboratório Chimico. O dia assinala-se a onze de outubro e com a celebração a ONU tem como desígnio combater as desigualdades sentidas pela jovens mulheres no acesso à educação, à saúde e às decisões sobre o seu corpo.

“Uma gravidez é algo demasiado importante para não ser planeada”, disse a responsável da agência da ONU. A questão é transversal a todos os países. Metade das gravidezes não são planeadas e há 257 milhões de mulheres que não têm acesso a contracetivos. Mónica Ferro considera a situação “uma emergência”.

“Ouvimos e lemos não podemos continuar a dizer que não sabemos como resolver”, reiterou a conferencista. Mesmo no mundo ocidental há valorização do bem-estar masculino em desfavor do bem-estar feminino. Estudos mostram que vamos levar 133 anos para atingir a igualdade de género. Com a pandemia de COVID 19, foram acrescentados mais 30 anos a esta realidade. A Academia e a Comunicação Social foram mencionadas pela oradora como parceiras importantes para contribuir na definição de políticas públicas que ajudem a mitigar os números.

Apesar dos muitos avanços ainda são poucas as mulheres em lugares de poder na política ou em lugares de responsabilidade nas empresas e outras organizações. Na ONU nos lugares que o secretário-geral pode nomear já existe paridade. No entanto ainda “há muito trabalho para fazer”, adiantou Mónica Ferro.

Catarina Furtado, embaixadora de boa vontade da ONU, entende que “os dados não chocam tanto quanto deveriam chocar”. Para a documentarista de “Príncipes do Nada”, apresentadora de televisão e fundadora da associação sem fins lucrativos “Corações Com Coroa” são as meninas as maiores vítimas.

Lembrou a mutilação digital feminina e a escravatura sexual que ainda acontece. São as raparigas as primeiras a serem vendidas para diminuir o número de bocas a alimentar, muitas vezes sujeitas a casamentos infantis, precoces e forçados. São elas a “população mais vulnerável”, mesmo no mundo desenvolvido e os professores têm um papel a desempenhar.

Instituído pela ONU em 2011, o Dia Internacional das Meninas e Raparigas pretende recordar e promover a proteção dos direitos das meninas e raparigas em todo o mundo, direitos esses que também são Direitos Humanos.

O seminário organizado pela Associação P&D Factor contou com o apoio da Universidade de Coimbra. Os trabalhos foram abertos pelo pro-reitor da UC para a Saúde, José Pedro Figueiredo. Mulheres e raparigas “destituídas de direitos humanos em algumas geografias contam connosco”,  declarou.

Fotografia: UC@Paulo Amaral

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