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22.08.2022POR Helena Pais

Abate de árvores na Emídio Navarro leva ClimAção a insurgir-se contra a autarquia, que recusa voltar atrás

O ClimAção não entende porque é que a implantação do MetroBus implica o corte de árvores da cidade. Além disso, o movimento defende que a plantação de novas árvores não vai mitigar o abate de outras. Embora a autarquia não queira rever o traçado da futura linha de autocarros elétricos, o ClimAção vai continuar a tentar demovê-la.

Com a implantação do MetroBus em Coimbra, está prevista a remoção dos últimos plátanos da avenida Emídio Navarro. São cinco e são “incompatíveis com o projeto em construção”, porque estão no caminho da futura linha de autocarros elétricos, segundo a empresa responsável pela empreitada. A notícia foi avançada pelo jornal Público, no dia 29 de julho, e o ClimAção Centro não tardou em demonstrar o seu desagrado.

Apesar de querer que o futuro Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) avance, o ClimAção não compreende porque é que a execução de um projeto de mobilidade sustentável se faz “à custa do património arbóreo da cidade”, como refere Miguel Dias, membro do movimento. Segundo o ativista, o coletivo esteve reunido com paisagistas e arquitetos no local e vários mostraram que as árvores podem coexistir com o traçado do MetroBus.

Em resposta às contestações que surgiram por parte de vários cidadãos, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), José Manuel Silva, e a vereadora com os pelouros da Mobilidade e do Urbanismo, Ana Bastos, publicaram um artigo de opinião no Diário de Coimbra, no dia 10 de agosto, no qual apontam que serão plantadas 43 novas árvores na avenida Emídio Navarro, em substituição dos cinco plátanos. Miguel Dias argumenta que “nenhuma jovem árvore substitui uma adulta em todas as suas funções”.

Além disso, o ativista alega que José Manuel Silva tinha uma visão “completamente diferente” daquela que tem hoje sobre plantar novas árvores para mitigar o abate de outras, quando era candidato à presidência da Câmara. “Para ele, naquela altura, a substituição de árvores adultas por árvores jovens não era uma forma de mitigação”, afirma.

O ClimAção também está preocupado com a possibilidade de serem cortadas árvores nas ruas Fernando Namora, Augusto Rocha e Lourenço Almeida de Azevedo. Na perspetiva de Miguel Dias, há mapas da futura linha de MetroBus que “são dúbios” quanto à permanência das árvores.

A autarquia afirma que repensar o traçado do MetroBus põe em causa os cronogramas de execução das obras e o financiamento europeu disponível. Num comunicado publicado no dia 5 de agosto, pode ler-se que “é totalmente extemporâneo estar a discutir esta obra”. Em resposta, Miguel Dias aponta que “estamos perante uma obra que é absolutamente estruturante para a cidade e ela não foi discutida com a cidade” e garante que o ClimAção não vai desistir de tentar demover a autarquia.

O ClimAção lançou, no dia 10 de agosto, uma petição contra a remoção dos últimos plátanos da avenida Emídio Navarro, que já reúne mais de 1500 assinaturas e vai ser entregue “brevemente” a José Manuel Silva. Também organizou um cordão humano à volta das cinco árvores, em jeito de protesto, no dia 16 de agosto. O coletivo ainda conta marcar presença na próxima reunião do executivo e na Assembleia Municipal.

(Fotografia: Diário de Coimbra)

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