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Mário de Carvalho, um “escritor feliz” recebe Grande Prémio de Literatura Biográfica Miguel Torga

“Estou comovido, com a entrega deste prémio, com a relevância que ele tem, com o facto de estar mais uma vez nesta cidade de Coimbra perto daquelas pedras”, começou por dizer Mário de Carvalho no discurso de agradecimento.

Com a simplicidade habitual, Mário de Carvalho, um dos maiores escritores portugueses vivo, veio à Feira do Livro de Coimbra receber o Grande Prémio de Literatura Biográfica Miguel Torga.

“De maneira que é claro…”, a obra premiada “é uma inscrição da memória individual nesse tecido vastíssimo que é o da nossa própria memória coletiva”, afirmou José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE), na Feira do Livro, na última quinta-feira, dia 7 de julho. A APE é parceira da Câmara Municipal de Coimbra na iniciativa.

Como contou o autor aos que o foram homenagear, publica “há mais de quarenta anos”. “Foram quarenta anos que se passaram num instante, custa-me a acreditar, como é que foi possível?”, disse, lembrando a primeira obra publicada em 1981, “Contos da Sétima Esfera”.

O escritor nasceu em Lisboa em 1944. Licenciou-se em Direito e viu o serviço militar interrompido pela prisão tendo sido condenado a dois anos, era então militante do PCP. Antes já tinha vivenciado a prisão do pai, opositor ao regime. O 25 de Abril de 1974 encontrou-o exilado na Suécia. Quando regressa a Portugal exerce advocacia. Antes de ter 40 anos  publica o primeiro livro.

José Carlos Seabra Pereira, em representação do júri do prémio, apresentou o percurso literário do escritor e o universo afetivo de quem, para além de leitor, tem na escrita uma tradição de família.

A escrita multiforme de Mário de Carvalho já passou por vários géneros literários como o romance, a crónica, o conto e a escrita para teatro. “De maneira que é claro…” transporta-nos para “o tempo nos espaços”, e a cumplicidade do leitor dá-lhes novamente vida através da “memória afetiva” que tem deles no tempo presente, lembra-nos Seabra Pereira.

São vários os galardões que Mário de Carvalho recebeu. Destacamos apenas dois: em 1994 o romance “Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde” foi agraciado com o Prémio de Romance e Novela da APE; em 1982, a cidade onde nasceu atribuiu-lhe o Prémio Cidade de Lisboa, pelo romance “O Livro Grande de Tebas, Navio e Mariana”. Em 2021, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou o escritor com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Na sessão de atribuição do Grande Prémio de Literatura Biográfica Miguel Torga marcou presença em representação do presidente da Câmara Municipal de Coimbra, o vereador Miguel Fonseca.

A representação da Porto Editora, a editora que publicou a obra premiada, coube a Sofia Fraga. Como realçou na sessão, a editora tem tido “o privilégio” de ser a primeira leitora das últimas publicações de Mário de Carvalho. No discurso de agradecimento o escritor revelou que será de ficção a próxima obra a ser publicada.

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