Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra promove a inclusão com o projeto “Palavras com Arte”
O projeto “Palavras com Arte” organizado pela Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) , pretende incluir socialmente, pessoas com necessidades especiais, no seio das Artes sobretudo no acesso à leitura e à expressão poética.
A iniciativa partiu da semana nacional de leitura, que ocorreu entre 7 e 11 de março, com o propósito de potenciar a leitura à população e garantir o desenvolvimento social dos participantes.
Em conversa com a RUC, no programa Café Olé, estiveram presentes Dora Redruello, Coordenadora de Educação para Adultos da APCC, Fátima Amaral e Délio Nunes ambos formadores das atividades da APCC que nos elucidaram acerca do foco principal do projeto “Palavras com Arte”.
Dora Redruello afirmou que este projeto se baseia muito no trabalho cooperativo com os formandos, que são também os utentes da própria associação. Como a leitura de textos em prosa é habitual para eles, a coordenadora realça a sugestão de embarcarem na leitura de poesia, sobretudo de poetas marcantes da literatura portuguesa e até de poemas da autoria dos próprios formandos. Ainda, a coordenadora salienta a divulgação de vídeos das próprias leituras na página de Facebook da APCC e no site oficial do Plano Nacional de Leitura.
Os principais objetivos para desenvolver esta iniciativa, segundo Dora Redruello, são a produção de um audiolivro com poemas selecionados pelos próprios formandos ou sugeridos pelos formadores, a promoção contínua da leitura de poesia e o alargar do número de formandos nesta associação. Tudo isto com o intuito de fazer ouvir os formandos e aproximá-los da população e da Cultura.
Segundo a coordenadora, aceder a qualquer espaço ou evento cultural é muito caro para algumas pessoas, uma vez que a Cultura não é vista como um bem essencial. Para Dora Redruello, é importante que haja uma iniciativa que facilite o acesso de pessoas em situações de desvantagem a este tipo de eventos artísticos, de forma a encarar a Cultura como algo fundamental para “criar uma visão mais mágica do mundo”.
Com uma receptividade muito boa por parte dos formandos, o projeto tem espaço para continuar por muitos anos, com a aquisição de novos estagiários, que têm sempre desejo de participar, como sublinha a coordenadora.
Para além disso, Dora Redruello salienta a estigmatização, ainda presente, em volta das perturbações psiquiátricas graves. O trabalho realizado pelos formadores da APCC ocorre muito em volta das competências sociais e do contexto das mesmas na mente dos formandos, adicionando a isso o trabalho exercido com as respetivas famílias.
Contudo, a coordenadora afirma o quão desgastante pode ser para as famílias estes trabalhos, uma vez que ainda não há na sociedade uma rede de suporte para estas doenças mentais mais graves.
A APCC é um espaço aberto à comunidade e conta, para além deste, com outros projetos como de formação profissional e reconhecimento de competências, de teatro, de artes plásticas, de confeção de coquetéis, entre outros que visam valorizar o trabalho dos vários utentes sem ter em conta as suas incapacidades.
São muitos os projetos presentes na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra que pretendem alargar os horizontes pessoais de cada um dos participantes.