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08.05.2022POR Helena Pais

Manuel Pires da Rocha: “Aquilo que há a fazer não é chorar sobre o leite derramado” [sobre a CEC2027]

Manuel Pires da Rocha conversou com a RUC sobre as críticas que o júri teceu à candidatura de Coimbra ao título de Capital Europeia da Cultura em 2027 (CEC 2027) e também sobre o futuro dos projetos que constam da candidatura.

O espaço de comentário do Observatório de sexta-feira, dia 6 de maio, contou com a participação de Manuel Pires da Rocha, deputado municipal da CDU e um dos anteriores diretores do Conservatório de Música de Coimbra e também do Conservatório de Música de Loulé. Manuel Pires da Rocha também fez parte do grupo de trabalho da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura em 2027.

Coimbra ficou de fora da lista de pré-seleção das cidades candidatas ao título de Capital Europeia da Cultura em 2027, divulgada no dia 11 de março. Das 12 cidades que entregaram, em novembro de 2021, a candidatura, somente Aveiro, Braga, Évora e Ponta Delgada passaram à próxima fase do processo.

“A análise que é feita das candidaturas não é só subjetiva, ela não entra em linha de conta com aquilo que foi apresentado”

Manuel Pires da Rocha considera que as apreciações que os júris fizeram da candidatura do município a Capital Europeia da Cultura em 2027 foram “subjetivas”, tal como afirmou, em entrevista à RUC, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), José Manuel Silva. Segundo o que diz o deputado do CDU, “a análise que foi feita não tinha, à partida, um critério estabelecido”. Para Manuel Pires da Rocha, “há uma opacidade relativamente a este concurso”. Como tal, o grupo de trabalho da candidatura abordou a Comissão Europeia “no sentido de serem aclarados os meios e as formas de funcionamento de uma candidatura como esta”, explica.

“Não concordo com essa falta de dimensão europeia”

Ao contrário de José Manuel Silva, que revelou, em declarações à RUC, que a única crítica dos júris com a qual concorda é a “falta de dimensão europeia da candidatura”, Manuel Pires da Rocha não compreende a apreciação dos jurados quanto ao assunto. “Não há qualquer tipo de défice de cultura europeia”, assegura.

O deputado referiu que o grupo de trabalho procurou, durante o tempo de preparação da candidatura, fazer da cidade de Coimbra “um polo de dinamização da cultura europeia”. Neste sentido, Manuel Pires da Rocha realçou iniciativas como o Semestre Europeu – A Europa em Coimbra 2021 e o Grupo Coimbra.

“Os jurados não sabem, com certeza absoluta, quais é que daqueles homens respondem pelo género masculino”

Sobre a falta de “diversidade no que diz respeito a géneros e formas de expressão” apontada no relatório do processo de pré-seleção, o deputado do CDU afirmou que “é muito precipitado falar da diversidade de género”, porque “ninguém sabe qual é, de facto a identidade de cada pessoa”. “O júri deixou-se levar pela treta antiga do homem e da mulher”, garante.

“Houve uma auscultação daquilo que é o nosso tecido [na construção da candidatura]”

No relatório do processo de seleção, os júris também apontam que a candidatura de Coimbra revela pouco envolvimento da comunidade da região. Manuel Pires da Rocha considera que o envolvimento comunitário foi “insuficiente”, mas salienta, ainda assim, que foram realizadas reuniões de trabalho com “quase todos” os agentes culturais do município e sessões públicas, bem como um levantamento “daqueles que são os hábitos culturais dos habitantes de Coimbra”. De acordo com o deputado, estes elementos não só foram considerados na construção da candidatura, como “vão servir, obviamente, para desenhar políticas”.

“Enquanto nós não alterarmos esta tragédia [o valor das verbas do Orçamento de Estado para a área da cultura], que é uma tragédia política, nós não podemos fazer grande coisa”

Questionado se, embora Coimbra não tenha sido selecionada, as propostas que constam na candidatura vão ser concretizadas, Manuel Pires da Rocha avançou que foi assinado ontem, dia 7 de março, “um documento que consagra o comprometimento da cidade com a criação em Coimbra de um Polo Europeu do Museu da Língua Portuguesa”. Por outro lado, frisou que o Programa Orçamental da Cultura condiciona o avanço de projetos culturais no município. Ainda assim, “existe um conjunto de projetos que o tempo fará avançar”, assegura.

A entrevista pode ser ouvida na íntegra através do link que se encontra no cimo do artigo.

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