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João Frazão: «Considero que [a permanência na 1°Liga] foi um feito. Foram dois anos que devem orgulhar os adeptos.»

A descida de divisão, a necessidade de financiamento, a falta de espaços para os treinos e a pouca participação dos adeptos nos jogos foram alguns dos assuntos abordados pelo sócio da secção.

Na passada quinta-feira, dia 28 de Abril, o espaço de comentário do programa Observatório contou com a presença de João Frazão, Presidente da Secção de Basquetebol da Associação Académica de Coimbra.

A entrevista foi iniciada com o tema mais impactante e incontornável da atualidade para o basquetebol académico. A descida de divisão, consumada no dia 20 de Abril, em Ovar, empurrou os estudantes para a Pro Liga, após uma série de derrotas consecutivas.

«Considero que [a permanência na 1°Liga] foi um feito. Foram dois anos que devem orgulhar os adeptos.»

João Frazão entende que é necessário relembrar o quão importante foi a subida da Académica para a 1ª Liga, há cerca de dois anos, bem como a sua permanência junto dos “grandes”. Anota que “é muito complicado participar de competições ao mais alto nível”, sublinhando que este período é demonstrativo de persistência e perseverança, tendo em conta a situação atual do clube.

Em primeiro lugar, garante que as restantes disputas serão aproveitados até ao último momento, antes das portas da 1°Liga serem fechadas aos estudantes. De seguida, de forma a planear o regresso aos confrontos profissionais,  o presidente da secção realça a necessidade de haver um maior esforço coletivo, mas também mais investimento na equipa. Admite que o orçamento disponível tem vindo a adensar-se, mas que a competitividade e as dificuldades aumentaram com o desenrolar da realidade pandémica, afetando, por exemplo, a estabilidade financeira dos clubes.

Acrescentou, ainda, que o maior contributo para a evolução do basquetebol académico é a vontade e o empenho da secção, da associação, da direção e dos sócios, com vista a honrar o papel e o testemunho da equipa dos estudantes, não só neste, mas nos mais variados desportos. João Frazão considera que é imperativo haver um trabalho profissional, mesmo no seio de uma equipa amadora.

«As secções são o elo mais fraco da Associação Académica de Coimbra, mas são elas que movem todo o desporto»

Em análise às mais recentes declarações do reitor Amílcar Falcão, no que toca à utilização dos pavilhões desportivos para a fase de vacinação, o presidente da secção fez notar que a falta de espaço para treinarem é uma situação que já se estende há mais de um ano.

João Frazão sublinha o total apoio perante a vacinação em massa da população, não deixando de fazer notar a urgência da equipa de basquetebol voltar a treinar na “casa da Académica”, dado que as restantes infraestruturas não são suficientes para suportar todos os treinos e jogos.

Em jeito de desabafo, considera que as secções desportivas estão a ser tratadas pela Universidade e Direção Geral como se fossem parte de clubes exteriores, assumindo que os custos são suportados, na sua maioria, pelas referidas secções, ao invés de existir um investimento associativo.

Realça, ainda, que provas federadas e de alta competição requerem grandes valores de financiamento, nem sempre disponíveis e que, apesar das secções estarem diretamente relacionados com o treino e formação das equipas, chegando a suportar custos para utilização de espaços, são constantemente afastadas no que toca à seleção de jogadores e estruturação do plantel nos jogos universitários.

«A Académica terá que ser mais clube e menos associação»

No que toca às diferenças de tratamento entre ligas, eventos e jogadores de diferentes desportos, João Frazão concorda com o exacerbado mediatismo que ainda circunda o mundo do futebol, ao qual apelida de “indústria”. No entanto, apesar das polémicas e críticas que se focaram na despromoção de ambas as secções, o presidente considera que “há muita gente a criticar e pouca gente a fazer”, apelando a sócios, associações e equipas para que surjam com novos projetos.

Por outro lado, refere que a base da Académica são os adeptos e não só os estudantes, evidenciando uma vontade do clube e da associação se reinventarem, de forma a servir toda a população de Coimbra. Na perspetiva do ainda dirigente, a AAC deve manter-se afastada do mundo industrial que já englobou o futebol.

Para remate à entrevista, respondendo à questão “o que ainda está por fazer?”, João Frazão entende que, como os verdadeiros donos são os sócios, são eles que têm o dever de decidir o que pretendem da equipa, realçando que a secção enfrenta atualmente uma crise de afiliados.

Note-se que as eleições decorreram, na passada quinta-feira, para a secção de basquetebol, nas quais o atual presidente não se pôde recandidatar, por ter atingido o número máximo de mandatos. Exercerá até à tomada de posse do próximo dirigente.

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