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Declarações do reitor motivam saída à rua para lutar pelo reforço da ação social

Necessidade do prato social em mais cantinas dos SASUC foi a principal razão pela qual dezenas de estudantes se mobilizaram nesta sexta-feira. Uma das organizadoras da manifestação, Ghyovana Carvalho, criticou a proximidade entre a AAC e a reitoria, visto que “muitas vezes os interesses dos estudantes são contrários aos da UC”.

“Não há falta de adesão, reitor ganha noção”, “Eu não comia, se fosse pela reitoria”, “Reitor, escuta, estudantes estão em luta” ou “Estou farto de esperar, só quero almoçar” foram alguns dos motes da manifestação, que, nesta sexta-feira (22), começou pelas 12h40 no Largo D. Dinis e rumou até à Porta Férrea da Universidade de Coimbra (UC).

A RUC conversou com Ghyovana Carvalho, uma das pessoas que organizou o protesto. A estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC) começou por afirmar que os estudantes reclamam “há muito tempo” por “melhor ação social escolar, mais residências, melhores condições nas residências e melhores condições nas repúblicas”.

“E agora com as afirmações do reitor veio mais uma vez a necessidade de afirmar aquela que é a posição dos estudantes”, declarou Ghyovana Carvalho, referindo-se às últimas declarações que o reitor da UC, Amílcar Falcão, deu à RUC. Na opinião da estudante de Direito, as afirmações de Amílcar Falcão são “completamente contrárias” à realidade dos estudantes.

Ao microfone da RUC, Ghyovana Carvalho criticou a ausência da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) na manifestação, mas revelou não estar surpreendida. Para a estudante da FDUC, a relação entre a DG/AAC e a reitoria é “demasiado próxima”. “A AAC existe para representar os estudantes e, muitas vezes, os interesses dos estudantes são contrários àqueles que são os interesses da Universidade de Coimbra”, salientou.

A estudante de Direito apontou ainda a necessidade de a DG/AAC manifestar repúdio às declarações do reitor, porque, segundo diz, o comunicado que emitiu não satisfaz a comunidade académica.

O candidato a presidente da DG/AAC pela Lista U, Diogo Vale, também falou com a RUC, logo após o protesto. O estudante da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) considera, tal como Ghyovana Carvalho, que a DG/AAC devia ter participado na manifestação para mostrar que partilha das reivindicações dos estudantes.

Para Diogo Vale, a posição da DG/AAC perante a reitoria deve ser “firme”. O estudante da FMUC afirmou que o reitor tem de tomar “medidas concretas” para resolver os problemas dos estudantes, uma vez que “foi ele que tomou as medidas que vieram agravá-los”.

No Observatório do dia 21 de março, o candidato à presidência da DG/AAC pela lista V e atual vice-presidente pelos pelouros do desporto e da política, João Caseiro, comentou a manifestação marcada para o dia seguinte. O estudante da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) frisou que não foi apresentada uma proposta em Assembleia Magna, o que, segundo afirma, “não faz sentido”. No decorrer do protesto, Ghyovana Carvalho garantiu que “não há nada estatutariamente previsto que diga que as manifestações tenham que ser apresentadas em Assembleia Magna” e explicou que a organização não esperou pela próxima Magna para apresentar a proposta no seio da comunidade académica devido à “urgência” das reivindicações.

Durante a manifestação, a RUC ainda conversou com Bruna Passas, estudante de Jornalismo e Comunicação, que notou que nenhuma das palavras de ordem (a não ser as do cartaz que a própria carregava) aludiam, até ao momento da entrevista, aos casos de assédio sexual nas instituições de ensino superior – um dos assuntos sobre o qual Amílcar Falcão proferiu afirmações que, para a estudante, são “vergonhosas”.

Depois da entrevista, a estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) dirigiu-se à organização para expor a situação. A partir de então, os estudantes presentes começaram a entoar frases como “Apoio sim, assédio não, este reitor não tem educação” ou “A denúncia é um direito, sem ela nada feito”.

Uma hora depois de a manifestação ter arrancado, foi com as palavras de Ghyovana Carvalho, que destacou um momento “de grande luta”, que o ato de protesto terminou.

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