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Paulo Peixoto: “A Universidade de Coimbra até à pandemia sempre teve o custo mais baixo de refeição social ao nível nacional” 

A oferta de prato social, a necessidade de aumentar o número de camas em residências universitárias, a inexistência de queixas de assédio moral ou sexual na Universidade de Coimbra foram os temas que marcaram o espaço de comentário. 

O espaço de comentário à atualidade do Observatório de terça-feira esteve a cargo de Paulo Peixoto, provedor do estudante da Universidade de Coimbra, desde 2019.

As mais recentes declarações do reitor, Amílcar Falcão, levantaram fortes contestações por parte da comunidade estudantil, levando a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra a emitir um comunicado que se demarcava da posição do reitor

A oferta de refeição social nas várias cantinas universitárias tem sido uma necessidade defendida por vários estudantes nos últimos meses. No Pólo I há apenas duas cantinas que servem prato social, uma vez que a cantina rosa, no Colégio de São Jerónimo, serve apenas refeição “snack” desde o início da pandemia, devido à redução de estudantes na cidade.

“Não se fazem mudanças (…) sem alguma tensão, é inevitável”

Sobre as declarações do reitor e as contestações dos últimos dias, Paulo Peixoto, provedor do estudante, salientou que a comunidade vai ter de “enfrentar o regresso à normalidade” e que, ao fim de dois anos, as mudanças não vão ocorrer “com um estalar de dedos”.

Segundo o provedor, é “inevitável” que haja “alguma tensão” e “alguma dor” em relação a algumas implicações que a pandemia acarretou, principalmente, na área da ação social.

“A Universidade de Coimbra até à pandemia sempre teve o custo mais baixo de refeição social ao nível nacional” 

Paulo Peixoto defende que é importante que a Reitoria da Universidade e os Serviços de Ação Social (SASUC) mantenham o objetivo de servir as refeições sociais como “regra” e que possam manter o acesso ao prato social por parte dos estudantes de forma acessível, tanto economicamente, como do ponto de vista da proximidade. Acrescenta ainda que até ao momento, segundo a sua análise, a Universidade não se afastou do objetivo de conseguir oferecer refeições sociais, uma vez que é uma “prioridade”.

Por outro lado, reconhece que existem longas filas e que é necessário dar uma “resposta” a este problema.

“Globalmente, as intervenções nos últimos anos melhoraram bastante as condições (…) das residências”

Questionado sobre a necessidade de requalificação e surgimento de novas residências universitárias para responder ao aumento da procura, Paulo Peixoto avançou que as queixas dos estudantes relativas à ação social são “residuais no conjunto das participações”, traduzindo-se em cerca de quatro a cinco por cento das participações recebidas. O provedor do estudante declarou que antes do início do ano letivo faz uma visita às diferentes residências para entender as principais dificuldades e, por isso, diz que nos últimos anos foram feitas intervenções que se traduziram em melhorias nas habitações.

Reconheceu ainda que existem “uma ou duas” residências que ainda carecem de melhorias, mas confirmou que a administração dos SASUC têm conhecimento dos casos.

Ainda sobre o tema da falta de camas, Paulo Peixoto salientou que na cidade de Lisboa e no Porto o problema é ainda mais grave devido à pressão do turismo e do alojamento local e que, tal como em Coimbra, o estudante é o mais prejudicado por ser o “elo mais fraco” no mercado imobiliário.

Por outro lado, Paulo Peixoto demonstrou-se preocupado com as salas de estudo, principalmente na época de exames, por serem insuficientes para a procura por parte dos estudantes.

“Tive quatro casos relacionados ao longo dos meus três anos de mandato”

Os casos de assédio moral e sexual denunciados pela Faculdade de Direito, da Universidade de Lisboa levaram a Direção-Geral da AAC a encorajar os estudantes a denunciarem situações na Universidade.

O provedor do estudante afirmou que, desde 2019, teve apenas conhecimento de quatro casos denunciados por estudantes e acrescentou que, até ao momento, não rececionou nenhuma queixa de assédio moral ou sexual. Paulo Peixoto declarou que muitas vezes, os casos não têm seguimento legal por falta de disponibilidade dos denunciadores e que, por outro lado, “as pessoas misturam casos graves, com casos que não são graves”.

Como provedor do estudante da Universidade de Coimbra mostrou-se recetivo a denúncias, abrindo uma exceção para a possibilidade de receber denúncias anónimas.

A entrevista completa pode ser escutada no podcast disponibilizado acima ou através do spotify.

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