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Estudantes de Coimbra rumaram a Lisboa para lutar pelos seus direitos

Mais residências, mais ação social e o fim do sistema de propinas foram algumas das palavras de ordem dos cerca de 1100 estudantes (segundo informação da PSP) que se deslocaram até à capital para exigir melhores condições no Ensino Superior.

Dia 24 de março celebrou-se o Dia Nacional do Estudante, comemorando-se os 60 anos desde o momento da proibição da comemoração do Dia do Estudante de 1962, que originou a crise académica. O “Movimento Académicas” organizou uma manifestação Nacional do Dia do Estudante que uniu várias Academias do país numa caminhada desde o Terreiro do Paço até à Assembleia da República.

Em frente à Assembleia da República, vários representantes das associações académicas discursaram diante dos estudantes. Apesar da chuva, os estudantes não desmobilizaram e muitos utilizaram os cartazes com reivindicações estudantis para se protegerem da chuva que caiu durante toda a tarde.

José Pinho, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade Ciências Sociais e Humanas da Faculdade de Lisboa (FCSH) e um dos organizadores da manifestação, foi um dos estudantes a subir ao palco improvisado. O aluno universitário salientou a coragem dos estudantes de 1962 no combate ao fascismo e acrescentou que pode servir como inspiração para os jovens de hoje.

Daniel Tadeu, Presidente da Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra, também discursou perante os estudantes vindos de todo o país. Tadeu invocou a memória do falecido Presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra, ao pedir um minuto de silêncio.

Aos microfones da RUC, Daniel Tadeu justificou a presença na manifestação por ser um tributo àqueles que defenderam o Ensino Superior no passado e espera que daqui a 60 anos os estudantes do futuro não tenham necessidade de reivindicar melhores condições no ensino universitário.

David Chaves tem 21 anos e é aluno de Relações Internacionais do Instituto Superior de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ISCSP). Em conversa com a RUC, salientou a necessidade da democratização do ensino superior, de uma maior e melhor ação social e ainda a redução do preço da propina, de forma a extingui-la, como as principais lutas que reúnem os estudantes na capital.

Nuno Coimbra, estudante de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras na Universidade de Coimbra (FLUC), realçou a importância de marcar a data, porque, do ponto de vista do estudante, o 24 de março de 1962 é a prova de que a unidade dos estudantes pode fazer a diferença na luta académica.

Adiantou ainda que a manifestação tanto servia para lutar por questões nacionais, como a revogação do atual Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES) e o fim da propina, mas também para reivindicar particularidades de diferentes universidades. Em Coimbra destaca a defesa pela oferta do prato social nas cantinas e as condições nas residências, trabalho que tem vindo a desenvolver no Conselho Geral da UC.

Sobre este assunto, David Chaves confessou que o cenário é ainda mais grave no ISCSP por não existir oferta de prato social na cantina universitária da instituição.

A porta-voz do Movimento Alternativa Socialista (MAS), Renata Cambra, também marcou presença na manifestação nacional. Em entrevista à RUC, apresentou uma proposta que afetaria no imediato aqueles que têm condições económicas mais precárias. Renata Cambra defende que os estudantes que usufruem de bolsa de estudo deveriam ficar isentos de pagar propinas.

A deputada e próxima líder da bancada parlamentar do Partido Comunista Português (PCP), Paula Santos, em conversa com a RUC, defendeu que a não diminuição do valor atual das propinas para os estudantes do ensino superior é uma questão política e denuncia o subfinanciamento das instituições por parte do orçamento de estado.

De Coimbra partiram, segundo a organização, mais de 200 alunos da UC em autocarros disponibilizados pela Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra.

 

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