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Poesia, de Coimbra para o mundo

Celebra-se, hoje, o Dia Mundial da Poesia. A RUC esteve à conversa com duas mulheres, poetas, que escrevem e falam de Coimbra para o mundo.

Coimbra tem poesia pintada nas suas paisagens e paredes. Poesia que inspira quem por aqui passa e insiste em criar em ambiente que aparenta ser estéril. Deste lado e do outro do Atlântico, contamos de forma breve a história de duas poetas para quem a cidade do fado e do Mondego já foi casa.

Lia Cachim vive em Coimbra, é poeta, apaixonada pelas artes e criadora da revista Azar. Para a estudante de filosofia, a escrita faz parte do seu ADN, caminha consigo desde menina.

A vontade de escrever cresceu quando encontrou fonte de inspiração, o poema Pintar o Sete, do artista Mário Cesariny, que se lê assim.

Pintar o Sete,
voltar ao fim.
Pintar o Sete três vezes,
ficar doido.

Poesia, para a Lia, mais do que uma questão de forma, é a arte de criar emoções nas pessoas, de provocar o sentir.

Pintar o Sete é também o nome do livro que a poeta está a editar, uma publicação que vai dar a conhecer o trabalho literário que Lia tem vindo a desenvolver.

Enquanto a obra não é publicada, a escritora continua a trabalhar na edição da revista de arte e cultura Azar, que lançou na passada semana a sua segunda edição. Azar porque, segundo ela, “os artistas não têm sorte, sobretudo em Portugal”. O projeto editorial começou com o coletivo Má Sorte, que entretanto sofreu de dispersão geográfica por Coimbra ser, como dizem, uma “cidade de passagem”. Agora, Lia assume a direção criativa e conta o que podemos encontrar na nova edição.

O número dois da Azar conta com trabalhos de membros do coletivo Má Sorte e de artistas do país inteiro e ainda de Barcelona. Um projeto que quer vingar na cidade, para provar que é possível alimentar a poesia em Coimbra.

Do outro lado do Atlântico, lá do Recife brasileiro, chega-nos a voz de Carol Braga, historiadora social, jornalista, mas, sobretudo, poeta.

Foi com o poema que ouvimos que Carol ganhou o 7º Festival Nacional de Poesia e Performance Portugal SLAM, em junho de 2021.

Poesia enquanto grito artístico, enquanto vómito, enquanto ato visceral que sai de dentro. Poesia é isso tudo para Carol Braga e, também, um ato político.

Foi na Secção de Escrita e de Literatura da Associação Académica de Coimbra (SESLA) que Carol Braga encontrou um local para expelir a sua poesia, para a deitar cá para fora. É também a partir da SESLA que nasce o Slam das Minas, como explica.

A poeta foi também a primeira mulher a ganhar o título no Portugal SLAM. Carol Braga não dissocia o seu eu artístico do seu sujeito político. Prepara-se, agora, para voar até Paris e representar Portugal na competição mundial, Grand Poetry Slam Coupe du Monde, enquanto mulher racializada e emigrante.

Além disso, hoje, Carol Braga compete por um lugar em outro mundial do Slam, que vai acontecer em setembro, na Bélgica.

O trabalho de Lia Cachim e Carol Braga que, desde Coimbra, ocupam o espaço com poesia, alimentam a cena cultural da cidade e levam a arte da palavra a outros cantos do mundo.

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