Imagem principal

Convento São Francisco acolhe “Imenso” uma história de cadeiras de todas as vidas

São já vários os fins de semana de trabalho com “caminhantes” e “rolantes” a deslizarem pelo espaço do Convento São Francisco. A estreia está marcada para os dias 2 e 3 de abril, por altura do Abril Dança em Coimbra.

A coreógrafa Madalena Victorino compõe um bailado a que gosta de chamar “encontros”. Nele participa uma população que tem na cadeira de rodas um instrumento essencial das suas vidas e com a qual a coreógrafa trabalha pela primeira vez.

O convite veio da Catarina Pires, um dos elementos do projeto Há Baixa. Juntaram-se ao projeto utentes da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), elementos do Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC), do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) e do Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC).

Madalena Victorino conta-nos como a “novidade” da experiência está a ser “maravilhosa”.

As pesquisas sobre a origem e design da cadeira permitiram à coreógrafa, descobrir que o objeto é “um ponto de união entre todos nós”. Apesar de “muito discreto na vida das pessoas”, em Imenso a cadeira “ganha muita luz e importância”, disse.

A “conferência dançada” tem um percurso por vários espaços no Convento. Está a ser preparado para que as pessoas que vão assistir no sábado dia 2 de abril ou no domingo, dia 3, sempre a partir das 16 horas, possam partilhar o que foi descoberto pelo grupo. “Caminhantes e rolantes” vão girar à volta do assunto da cadeira de n maneiras“.

Madalena Victorino trouxe consigo três elementos da sua equipa o músico Pedro Salvador, a Beatriz Marques e Inês Melo Sousa. O grupo conta com a cumplicidade de Gilberto Pereira. Associaram-se a “Imenso” o Há Baixa, a APCC e três Organismos Autónomos da Associação Académica de Coimbra. Juntos têm vindo a descobrir a história da cadeira. Segundo a coreógrafa o objeto remonta ao neolítico, a partir daí elevou-se do chão. Com os egípcios ganhou um encosto e tem permanecido nas nossas vidas.

De acordo com a coreógrafa o “conjunto de pessoas incrível” está a descobrir as “imensas potencialidades” dos corpos que deslizam pela vida em cadeira de rodas.

Madalena Victorino foi Prémio Universidade de Coimbra em 2017. Como disse na altura o reitor, João Gabriel Silva, é pioneira na chamada ‘dança na comunidade’ e com um “contacto muito grande com a sociedade, sobretudo os sectores que tendem a ser mais esquecidos”. A ligação à cidade vem do tempo da Bienal Universitária de Coimbra e também da Coimbra Capital Nacional da Cultura em 2003.

Na atualidade reside em Odeceixe, no concelho de Odemira, onde desenvolve com o companheiro, Giacomo Scalisi, o programa Bowing – projecto artístico de integração de emigrantes do concelho de Odemira por via de laboratórios performativos.

Fotografias: Há Baixa e Jorgette Dumby

PARTILHAR: