Vítor Parada: “Talvez tenha faltado proximidade, mas é um órgão que não tem atividades que ajudem a essa aproximação”
A falta de proximidade da Comissão Disciplinar aos associados, a transparência dos processos e as dificuldades do mandato do atual presidente estiveram em foco no Observatório.
Na passada quinta-feira, dia 24, dia em que se realizavam as eleições para o Conselho Fiscal (CF/AAC) e para a Comissão Disciplinar da Associação Académica de Coimbra (CD/AAC), a RUC falou com Vítor Parada, atual presidente do órgão de investigação da AAC.
“A próxima Comissão Disciplinar vai ter um trabalho muito mais facilitado”
Após uma campanha na qual Vítor Parada sofreu com as mesmas críticas que, no último mês de maio, apontou aos anteriores presidentes da CD/AAC, o atual presidente do órgão destacou a reorganização interna que promoveu e que vai dar lugar a que os seus sucessores não tenham que se bater com os mesmos problemas que o próprio enfrentou. No seu entender, a falta de proximidade aos estudantes persiste como um dos grandes problemas da Comissão Disciplinar, algo que reconhece como uma das grandes falhas do seu mandato.
Apesar das dificuldades, Parada lembra que no princípio do seu mandato contactou com as estruturas da casa que melhor podiam chegar aos estudantes para conseguir promover uma maior aproximação do órgão aos associados, mas este processo acabou por não dar grandes frutos. Segundo o responsável, é difícil encurtar a distância para com os estudantes numa estrutura que não tem atividades que a dinamizem, mas deixa o desafio à equipa que será liderada por Sérgio Martins.
“Muitas vezes as dificuldades que encontrámos foram com as pessoas que estávamos a inquirir”
A falta de celeridade do órgão que, ao longo dos últimos anos, tem deixado arrastar uma série de processos foi outro dos assuntos que esteve em cima da mesa. Vítor Parada não entende que esta seja uma crítica justa, uma vez que as maiores dificuldades por si encontradas estiveram no contacto com os associados interessados e/ou inquiridos. Apesar da “flexibilidade” da sua equipa, o entrevistado explica que a falta de resposta por parte dos envolvidos nos processos foi o principal entrave à rápida atuação da CD/AAC.
No sentido de promover a agilidade da sua atuação, o primeiro presidente que foi eleito por sufrágio universal destaca o facto de ter convidado sempre os suplentes da Comissão Disciplinar a participar nas reuniões, de forma a garantir que, caso algum dos quatro membros efetivos se demitisse, qualquer um daqueles que o fosse substituir estava por dentro das dinâmicas do órgão. Parada admitiu ainda que os meses iniciais de mandato, “roubados” pela pandemia, seriam ainda necessários para “limar algumas arestas e terminar alguns processos”.
“Preferimos não divulgar as atas, os pareceres e os processos para manter o sigilo”
No âmbito da transparência – também ela várias vezes questionada ao longo dos debates para a CD/AAC -, Vítor Parada considera que esta é uma questão que não se coloca e que a divulgação de atas e pareceres não se relaciona com a mesma. Confrontado com a possibilidade de divulgar estes documentos para que os estudantes estejam mais esclarecidos em relação ao papel da Comissão Disciplinar, o titular do cargo mostrou-se cético quanto à ideia, dado que “os processos poderiam ser usados contra os associados”.
O entrevistado, que cessa funções enquanto presidente em meados do próximo mês, lembra ainda que “alguns processos são públicos e foram divulgados pelos órgãos de comunicação da casa”, mas defende que “aquelas queixas que são feitas diretamente a nós e de que mais ninguém sabe seriam usadas para outras coisas que não beneficiaram [a casa] e talvez prejudicassem alguém”.
Para ouvir a entrevista na íntegra pode aceder através do link acima ou no nosso Spotify.