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22.02.2022POR Gonçalo Pina

Fim da Estação Nova (?)

Com o MetroBus à espreita, prevê-se que a Estação Nova de Coimbra encerre até ao final do ano de 2023. No entanto, no decorrer do último ano, o Movimento Cívico pela Estação Nova tem reunido seguidores e promete vender cara a retirada dos carris.

Tudo começou no final dos anos 80, com a ideia de um túnel ferroviário a partir da agora desativada estação do parque, que ligaria o Ramal da Lousã à Estação Nova de Coimbra. Com os anos, a ideia caiu e foi substituída pelo metro ligeiro de superfície – uma solução que, segundo afirmava o presidente da Câmara Municipal de Coimbra Manuel Machado em 1994, era indispensável e respondia a uma série de problemas dos habitantes da região.

Os anos passaram, mas o metro continuou sem ver a luz do dia. Em 2010, a obra parecia mesmo que ia avançar com o desmantelamento do Ramal da Lousã a dar lugar a uma nova forma de mobilidade suave. No entanto, esta a retirada dos carris acabou por ser a sentença de morte de um projeto que acabou suspenso e que deixou centenas de pessoas sem soluções.

Cerca de 10 anos mais tarde, o Metro volta a aparecer, agora sob a forma de MetroBus, um autocarro elétrico que promete responder às necessidades da região. Com ele, anuncia-se também o fim da Estação Nova de Coimbra, algo que não é do agrado de todos.

Movimento Cívico pela Estação Nova, aqui representado pelo Duarte Miranda, tem sido uma das vozes mais ativas na defesa de uma alternativa que promova a complementaridade da Estação Central de Coimbra com o novo MetroBus. No entender do Movimento, a falta de uma estação ferroviária no centro da cidade pode afetar negativamente o seu desenvolvimento.

Os planos para fechar a infraestrutura remontam ao executivo camarário liderado por Manuel Machado. Em setembro do último ano, altura em que se realizavam as eleições autárquicas, o ex-presidente da Câmara, que se candidatava pelo Partido Socialista, não deixava dúvidas.

Já Francisco Queirós, vereador pela CDU, era um acérrimo defensor da continuidade da estação, posição que defendeu em debate com os restantes candidatos.

José Manuel Silva, grande vencedor destas eleições e atual presidente da Câmara Municipal de Coimbra, acreditava que a solução do MetroBus não era a ideal. Apesar de tudo, o líder da coligação Juntos Somos Coimbra não considerava viável a conjugação deste projeto com a continuidade de Coimbra A.

Esta perspetiva, que Ana Bastos, vereadora para os transportes e mobilidade, caracterizou de
“suicídio económico”, foi rebatida pelos defensores da estação. Segundo Luís Neto, outra das caras do Movimento Cívico pela Estação Nova, o comboio e o MetroBus teriam diferentes funções, pelo que faria todo o sentido a sua coexistência.

No entender de Ana Bastos, esta é uma questão extemporânea que devia ter sido levantada há 2 anos, altura em que o projeto foi discutido.

Face a estas afirmações, o Movimento pela Estação Nova responde que a extemporaneidade está na opção de remover a estação ferroviária.

Apesar de discordar do traçado do MetroBus, a número 3 do executivo municipal é favorável ao fecho da Estação Nova. Conforme aponta, o posicionamento da estação no centro da cidade bloqueia a fruição do rio Mondego e, por isso, prejudica Coimbra.

Na ótica de Luís Neto, esta é uma preocupação legítima, mas que não implica necessariamente o fecho da estação.

Assim, no  sentido de salvar a Estação Nova, o movimento de cidadãos avança agora para uma petição pública para que o governo e a Assembleia da República voltem a equacionar o fecho da estação. O documento conta já com quase 2000 assinaturas, ainda aquém do pretendido.

No decorrer desta reportagem foram usados sons da RUC, da RTP e do Porto Canal. As entrevistas feitas à vereadora Ana Bastos e ao Luís Neto podem ser ouvidas na íntegra no nosso site. A Rádio Universidade de Coimbra tentou ainda contactar a Sociedade Metro Mondego que preferiu não prestar declarações.

Nos próximos meses, o assunto vai continuar a ser acompanhado por aqui, em 107.9FM ou em ruc.pt.

 

Este foi um trabalho realizado por Gonçalo Pina com o apoio técnico de Pedro Oliveira.

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