Cláudia Cavadas “O número de prémios nobel atribuídos a mulheres é muito baixo”
O Observatório do dia 11 de Fevereiro(sexta-feira) contou com a presença de Cláudia Cavadas, vice-reitora da Universidade de Coimbra.
O papel das mulheres na ciência e as desigualdades que se verificam entre homens e mulheres na liderança de equipas ou de centros de investigação foram alguns dos temas abordados no comentário do Observatório do dia 11 de Fevereiro.
“Infelizmente não há muitos nomes de mulheres na Área da Ciência mas estamos a melhorar”
Cláudia Cavadas, vice-reitora da Universidade de Coimbra começou por realçar a importância do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Para a docente e investigadora, apesar de Portugal não estar mal classificado nas estatísticas das mulheres na ciência, é preciso fazer ainda um longo caminho para acabar com enviesamentos de género na ciência.
“É importante garantir que todos e todas tenham acesso à ciência.”
A vice-reitora explica que é notória a discrepância que existe entre o número de homens e o número de mulheres que trabalham e investigam na área da ciência , especialmente em casos de lideranças de equipas de investigação ou de lideranças em centros de investigação. Essa discrepância verifica-se também no número de prémios Nobel atribuídos a mulheres, entre outros exemplos, segundo Cláudia Cavadas.
Para mitigar os enviesamentos de género, segundo a professora, é necessário dar espaço às mulheres que fazem ciência para que mais mulheres se sintam encorajadas a escolher este tipo de empregos.
“Aumentar a qualidade de investigação na UC”
Para a investigadora, existe uma maneira de melhorar a qualidade de investigação na UC: haver mais mulheres cientistas. Se as mulheres na ciência combinam um terço da força de trabalho, então as equipas que compõem os centros de investigação tem um enviesamento de género nas equipas que terão menos qualidade. Segundo a vice-reitora é essencial que a Universidade de Coimbra aproveite todos os recursos disponíveis em relação à força de trabalho especializada e não limitar essa mesma força de trabalho por causa de questões de género.
“Haverá atividades de mentoria para termos mais mulheres a concorrer a bolsas”
Cláudia Cavadas explica que, apesar das mulheres até terem mais investigação e até de em certas áreas estarem até em maior número que os homens, quando chega a oportunidade para chefiar instituições ou até concorrer a projetos com financiamento, quando se encontram em situações mais competitivas, tendem a não ter candidatar-se tanto. Segundo a professora, isto deve-se ao facto do aumento de pressão e de estigma sob as mulheres.
Realçou ainda o impacto que a pandemia teve junto das mulheres, pois, acredita que tarefas como cuidar dos filhos, que passaram mais tempo em casa, e prestar auxílio aos mais idosos foram assumidas maioritariamente pelas mulheres.