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Exames Online na FDUC causam perplexidade e discórdia entre estudantes

Numa altura que os bares e discotecas abrem de norte a sul do país as salas de exames da FDUC continuam fechadas. Exames online causam problemas e alunos queixam-se da falta de condições da plataforma UCStudent.

Ao contrário das restantes unidades orgânicas da Universidade de Coimbra (UC), a época de exames da Faculdade de Direito da UC (FDUC), é, até ao momento, inteiramente ‘online’. No passado dia 29 de dezembro a direção da Faculdade determinou que, “por razões de contenção, prevenção, previsibilidade e igualdade entre os estudantes”, todos os exames do primeiro semestre da época normal do ano letivo 2021/ /2022 seriam realizados remotamente. A decisão causou polémica e não existe unanimidade relativamente a este tema. Algo é certo, os problemas técnicos têm-se acumulado e as queixas têm-se multiplicado. Nesse sentido, a Rádio Universidade de Coimbra (RUC) procurou saber a opinião dos estudantes da FDUC.

Carlos Henrique Nascimento, estudante finalista, deixou críticas ao sistema adotado. Na perspetiva do estudante da FDUC os exames ‘online’ criam um sentimento de desconfiança e de fraude contra os alunos, algo que não ocorre nos exames presenciais, fazendo com que os professores partam do princípio que os estudantes vão consultar a matéria durante a realização das provas.

O estudante finalista vai mais longe e realça a diferença de dificuldade e de preparação entre os exames “online” e os exames presenciais, qualificando-a de abismal, confessando sentir-se prejudicado: “consigo fazer uma comparação (de dificuldade) entre a época mais recente presencial (que decorreu em setembro) e esta época, e a diferença é abismal”, sublinha Carlos Henrique Nascimento.

Esta ideia é subscrita por outro estudante, que preferiu não se identificar. O aluno de terceiro ano sublinhou a desconfiança existente no seio académico face aos exames ‘online’. Neste sentido, para o estudante brasileiro, adiar a época de exames uma semana “não custava nada” e  seria uma medida mais eficiente em comparação com os exames ‘online’ efetuados na plataforma “UCStudent”.

O adiamento dos exames ‘online’ não é, contudo, uma medida sem críticas. André Campos, estudante e membro do Núcleo de Estudantes da Associação Académica de Coimbra (NED/AAC) recordou em entrevista à RUC as especificidades da época de exames da FDUC. O colaborador do NED/AAC destaca que adiar os exames era sinónimo de começar o segundo semestre já em março por causa da realização dos habituais exames orais. Questionado sobre a dificuldade dos exames online, André Campos, discorda de Carlos Nascimento e recusa a ideia que estes exames são mais complicados.

Apesar da discordância relativamente à dificuldade dos exames, os vários estudantes concordam num ponto: a plataforma utilizada apresenta muitos problemas. Dificuldades em ligar a câmara e em aceder ao chat para comunicar com o professor foram alguns dos problemas relatados pelos alunos.

No seguimento do Conselho Pedagógico Ordinário de dia 14 de janeiro de 2022, os representantes dos alunos partilharam com a comunidade estudantil da FDUC os resultados tanto do inquérito pedagógico como da reunião em questão.

Maria Vasconcelos, presidente do Núcleo de Estudantes da Faculdade de Direito da Associação Académica de Coimbra explicou à RUC a posição dos estudantes. A presidente do NED/AAC menciona a importância de defender a saúde pública e a constante preocupação da estabilidade dos alunos em plena época de exames, como pontos fundamentais da posição tomada.

No entanto, alguns estudantes recusam esta ideia. André Campos admite mesmo que perante o atual cenário pandémico não se justifica a opção pelo ‘online’. Porém, a maioria dos estudantes votou pelo regime ‘online’ (62,8%) num inquérito lançado pelo Conselho Pedagógico. Outro estudante considera o resultado da votação inexplicável e considera que os estudantes “só se têm a perder com o regime remoto”. Uma perda potenciada pelo clima permanente de suspeita de fraude instaurado pelos professores, afirma o estudante.

Numa altura em que bares e discotecas voltam a abrir, após o encerramento de três semanas devido à covid-19, os estudantes da FDUC continuam em formato remoto. Carlos Henrique Nascimento admite ficar perplexo perante o atual cenário e não percebe a realização de exames ‘online’ numa altura em que toda a sociedade voltou à normalidade e ao presencial. Sobre a intervenção do Núcleo e dos representantes no Conselho Pedagógico, Carlos Henrique Nascimento foi taxativo: “não senti apoio”.

Maria Soares, representante dos estudantes de Direito no Conselho Pedagógico, retifica que nem o órgão que dirige, nem o próprio Núcleo tiveram influência na decisão tomada pela Faculdade de Direito, realçando a impossibilidade de alterar as datas já definidas por vontade da direção da mesma. As opiniões dos estudantes obtidas na realização de um primeiro inquérito foram variadas e divergentes, impedindo o núcleo de tomar uma posição clara, remata a presidente.

A faculdade informou os estudantes que os exames seriam presenciais a 13 de dezembro de 2021, notificando-os 16 dias depois, a 29 de dezembro de 2021, da mudança do modelo de realização dos exames.

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