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Manuel Pires da Rocha: “Não vemos o salário mínimo como um custo, mas como um investimento”

No âmbito das Eleições Legislativas 2022, a Rádio Universidade de Coimbra (RUC), entrevistou Manuel Pires da Rocha, candidato pela Coligação Democrática Unitária (CDU) no círculo eleitoral de Coimbra, que marcou presença no Observatório de quarta-feira, dia 12 de janeiro.

Manuel Pires de Rocha começou por explicar que estas eleições não são para votar num primeiro-ministro, mas sim em vários deputados que irão representar a população portuguesa de acordo com a percentagem dos votos de cada partido. Adiciona que acha que existe um défice de vozes na Assembleia da República (AR) para defender, não só a região de Coimbra, mas também dos cidadãos que cá residem, que o cabeça de lista da CDU descreve como “uma gente que trabalha.”

Quanto à saúde, Manuel Pires de Rocha, lembra que Coimbra já foi antes considerada “a capital da saúde” e critica a Ministra da Saúde Marta Temido, que continua a ser a cabeça de lista do Partido Socialista por Coimbra, dizendo que a saúde tem vivido um “fogo cerrado” que “fez com que valências essenciais como o hospital dos Covões estejam hoje numa situação miserável (…) fez com que a saúde mental (…) tenha graves problemas e fez sobretudo com que houvesse nos hospitais que ainda persistem (…) um grande mal estar pela grande carga de trabalho que é resolvida, não com a aquisição de mais pessoal (…) mas com as horas extraordinárias.”

“Nós não precisamos de resiliência, precisamos de uma vida”

O cabeça de lista da CDU pelo círculo de Coimbra destaca claramente que pretende reverter a fusão dos hospitais de Coimbra, acrescentando que não existe nenhum estudo que mostre benefícios da fusão e da eliminação do CHC no que toca à saúde. Adiciona que não acha que a localização da nova maternidade seja boa, devido à “hiper-ocupação” do polo onde esta está a ser projetada. Diz que uma melhor localização para a maternidade seria o Hospital dos Covões. Manuel Rocha apresenta a ideia de “re-converter o antigo hospital do Lorvão numa unidade de cuidados continuados inserido no SNS” e afirma que o “SNS é o único serviço capaz de de oferecer toda a dignidade a utentes e aos trabalhadores” devido à precariedade dos trabalhadores no setor da saúde fora do Serviço Nacional de Saúde.

“Consideramos fundamental reverter a fusão dos hospitais de Coimbra” 

Sobre a Universidade de Coimbra, Manuel Rocha diz que esta representa a vida de Coimbra. Menciona também que a UC como instituição emprega muita gente que precisa de ter “bons salários mínimos, (…) bons salários médios (…) e uma população estudantil que possa ter residências universitárias para que não seja alvo fácil da especulação imobiliária.” Adiciona que a UC precisa de ter um corpo de investigadores científicos que não seja “gente precarizada.”

Manuel Pires de Rocha diz que é preciso concluir a obra hidrográfica do baixo mondego, que descreve como uma obra fundamental que permitiria que houvesse “condições de trabalho agrícola (…) que seja realmente produtivo” e ainda destaca a preocupação ecológica de reduzir os circuitos de circulação das mercadorias.

O militante da Coligação Democrática Unitária também relembra a necessidade de investir na ferrovia e de ter financiamento central dos SMTUC.

Quando questionado sobre as possíveis consequências da ausência de Jerónimo de Sousa, líder do PCP, Manuel Rocha esclarece que a concessão do partido é que “o trabalho coletivo resolve sempre os problemas que devem ser resolvidos na sociedade”.

Quanto à cultura, o cabeça de lista da CDU por Coimbra começa por explicar que o 1 por cento do orçamento pedido pela CDU para a cultura é o que é apontado pela UNESCO para que os estados possam realmente cuidar da cultura e das instituições que trabalham neste sector. Manuel Rocha apresenta a ideia do Serviço Público de Cultura que tem como objetivo lutar contra a precariedade encontrada pelos artistas portugueses no mercado de trabalho e promover a criação artística.

“Cada vez saem mais jovens para o mercado de trabalho a querer (…) fazer música mas cada vez têm menos trabalho”

Quando se fala na educação, Manuel Pires de Rocha expressa claramente que defende a eliminação das propinas, acrescentando que “o direito à formação é um direito humano” e que as propinas levaram à criação de uma hierarquia baseada na educação entre a população.

“O valor da propina deve ser zero”

Continuando no tópico da educação, o cabeça de lista por Coimbra destaca a importância da habitação estudantil, dando o exemplo da ideia de “transformar a penitenciária que está no centro de Coimbra numa grande residência estudantil útil”. Critica também o funcionamento das cantinas da universidade com a alteração de “aquilo que é a capacidade e a possibilidade dos estudantes acederem a uma alimentação de qualidade”.

Manuel Pires de Rocha afirma que nas conversas de negociação para o orçamento, o PCP chegou a propor um valor inicial de salário mínimo nacional inferior aos 850 euros a que agora pretende chegar. O cabeça de lista explica que “a subida do salário mínimo e a reposição de algumas prestações sociais” nos anos pós-troika “acabaram por reanimar enormemente o mercado interno”, gerando assim mais circulação monetária, maior venda de produtos e maior receitas pela segurança social.

Numa resposta à proposta da semana de 4 dias do Partido Socialista, Manuel Pires de Rocha comenta que este tipo de mudança vai apenas servir para precarizar ainda mais o trabalho e para fazer com que as pessoas tenham mais do que um trabalho para se conseguir sustentar.

Quando questionado se a CDU estaria disponível a considerar negociações com o PS para evitar uma “geringonça da direita” caso o PS não tivesse maioria, Manuel Rocha responde com um claro “claro que sim”, adicionando que foram essas as condições de 2015 que levaram a criação do governo de PS apoiado pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP. Afirma também que para conseguir evitar políticas do partido socialista é necessário votar na CDU para conseguir tornar essas mesmas políticas do partido socialista em “políticas de esquerda”.

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