Tomada de posse mistura a “balada da despedida” com a vontade de mudança de Cesário Silva
João Assunção no seu último discurso enquanto presidente abordou a temática das propinas e relembrou que a Académica será sempre uma casa de liberdade. Cesário Silva quer unir a Académica e Daniel Tadeu promete trabalho. Já Amílcar Falcão pede cooperação e João Lincho sai de cena com várias críticas.
Os novos corpos dirigentes da Associação Académica de Coimbra tomaram posse hoje (dia 14) na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC). A cerimónia deu posse à nova composição da Mesa da Assembleia Magna e da Direção-Geral da AAC, e marcou o arranque do mandato de Cesário Silva, aluno da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que substitui João Assunção, na Direção-Geral. Na Assembleia-Magna, Daniel Tadeu sucede a João Lincho na presidência do órgão.
João Lincho, presidente cessante da Mesa da Assembleia Magna foi o primeiro a discursar no auditório da FDUC. Num discurso de despedida, João Lincho começou por referir que sempre se prejudicou a si próprio e nunca a Mesa da Assembleia Magna. Num claro aviso para o futuro João Lincho pediu respeito à próxima direção geral: “Para a próxima direcção peço para sempre respeitarem os órgãos institucionais da casa”, um aviso na hora de despedida de João Lincho, que prometeu, no entanto, ajudar a Académica caso Daniel Tadeu e Cesário Silva necessitem da sua colaboração.
A balada da despedida continuou a tocar no auditório da FDUC. Lincho deu lugar a João Assunção, presidente cessante. Num discurso em “casa” João Assunção começou por citar Sophia de Mello Breyner para reforçar a liberdade da casa, sublinhando o dever da AAC em lutar “a favor da democracia e contra as ditaduras”. João Assunção criticou as “marchas saudosistas que muitos querem normalizar”e sublinhou a resistência da Académica ao longo da sua história . Para o ex-presidente na AAC resistirá sempre a “cidadania, a democracia e a liberdade”, numa clara referência à tomada de posição tomada no último 28 de maio.
“Aqui não marcham portugueses de bem. Aqui resiste a cidadania, a democracia, a liberdade. Sempre a liberdade”
A luta contra a propina foi outro dos destaques do discurso de João Assunção. O antigo estudante da FDUC lembrou que a luta contra a propina tem mais de 30 anos e que ultrapassa o campo económico. “Não é só uma luta económica mas também uma luta social”, sublinhou João Assunção. Neste sentido, João Assunção voltou a defender um “ensino universitário universal, gratuito e de qualidade”, dando destaque às manifestações realizadas pela Associação Académica de Coimbra no último ano.
João Assunção aproveitou de forma emocionada o seu último discurso enquanto presidente da DG/AAC para agradecer a todos os funcionários, à equipa reitoral e à sua direção-geral, nomeando um a um os membros da DG da Associação Académica de Coimbra de 2021. No final, João Assunção não aguentou a emoção, libertando inclusive algumas lágrimas em pleno auditório da Faculdade de Direito. Aos novos líderes da Académica foram também dedicadas algumas palavras. João Assunção desejou a maior sorte aos novos órgãos gerentes da Académica e prometeu ajudar quer Cesário Silva, quer Daniel Tadeu na condição de ex-presidente no próximo mandato.
“Vamos ao trabalho”, foi a palavra de ordem dos discursos dos “vencedores” da noite.
Daniel Tadeu começou por agradecer a dedicação e o esforço dos órgãos institucionais anteriores. Apelou ao trabalho da nova equipa com esforço, responsabilidade e respeito pela mesa da assembleia magna. Daniel Tadeu apelou ao trabalho e recordou os mais de 130 anos da Académica, terminando com a já tradicional mensagem neste tipo de discursos: “vamos ao trabalho”.
Depois das habituais assinaturas no livro de atas por cada membro da nova direção-geral chegou o momento que todos esperavam: o discurso de Cesário Silva. O novo presidente da DG/AAC começou por recordar a história de liberdade e de democracia, defendendo a ideia que há um dever de honrar esta história. Depois da história veio o presente. Cesário Silva prometeu ser a mudança na Associação Académica, continuando, no entanto, o trabalho da AAC na vertente cultural, política e desportiva. Criar união para uma casa de todos os estudantes, é um dos objetivos de Cesário Silva.
Cesário Silva apelou várias vezes ao trabalho da equipa, referindo que a nova DG/AAC tem um dever de “elevar a casa” e os valores fundadores da Académica: “a democracia e a liberdade”. Do ponto de vista interno, levar o trabalho da casa a todos os estudantes é outro dos objetivos de Cesário Silva. Nesse sentido, o novo presidente da Académica promete trabalhar além do edifício.
“Começa uma nova página na Associação Académica de Coimbra. “
O último orador da noite foi Amílcar Falcão, reitor da Universidade de Coimbra. Num discurso de encerramento, Amílcar Falcão destacou o “bom comportamento dos estudantes perante a pandemia” e recordou o papel da Académica enquanto parte ativa da vida dos estudantes de Coimbra. Depois da tomada de posse de 2020 onde Amílcar Falcão apelidou de “parvos” os estudantes que se mobilizaram pelo edifício-sede, desta vez o Reitor da UC fez um apelo ao diálogo. Quando existirem problemas Amílcar Falcão quer ter a oportunidade de intervir e relembrou que o Reitor existe também para ajudar a AAC.
A tomada de posse da Direção Geral e Mesa da Assembleia Magna da AAC decorreu no Auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e contou com a cobertura do repórter RUC, João Dias.
Fotografia: Jornal Universitária “A Cabra”: Gabriela Moore