Manuel Alegre é o novo associado honorário da Académica. “É a personificação fiel do estudante de Coimbra”, afirma João Assunção
Manuel Alegre é o mais recente associado honorário da Associação Académica de Coimbra. O papel de Alegre na cultura, no desporto e na política foram os temas de fundo na cerimónia que juntou diversas gerações de Académica.
Decorreu hoje, dia 9, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC) a cerimónia de distinção de Manuel Alegre enquanto associado honorário da Associação Académica de Coimbra (AAC). Em Assembleia Magna no passado dia quatro de outubro os associados da Académica aprovaram a atribuição do estatuto de associado honorário ao poeta e antigo deputado do Partido Socialista pela atividade na cultura da academia e pelo seu papel na resistência ao Estado Novo.
Numa cerimónia pública na Sala 9 dos “Gerais” da FDUC João Assunção, ainda presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra começou por enaltecer a preponderância da ação de Manuel Alegre ao longo do seu trajeto associativo, quer na luta contra o Estado Novo, quer enquanto atleta da Académica, onde se sagrou campeão nacional de natação.
O papel de Manuel Alegre ultrapassou a escala política e desportiva, como recordou João Assunção. O presidente da DG/AAC aproveitou para relembrar a ligação de Manuel Alegre ao Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC), organismo que Manuel Alegre ajudou a fundar na década de 50. Para João Assunção, Manuel Alegre é a “personificação fiel” do estudante de Coimbra: “Um intelectual perpetuamente inquietado com as injustiças sociais, cultivador da arte e um apaixonado pela Académica”.
Depois de João Assunção foi a vez de Alberto Martins falar. O antigo presidente da DG/AAC e um dos principais responsáveis pelo desencadear da “crise académica de 1969”, elogiou a poesia e a vida de Manuel Alegre enquanto literário e como “homem de Coimbra”. O antigo ministro da Justiça foi mais longe e classificou Manuel Alegre como o “poeta da sua geração”.
O dia de hoje (9) marcou igualmente o arranque da 2ª edição do Prémio Literário Manuel Alegre com a presença do próprio. O poeta natural de Águeda não tem dúvidas que o concurso segue a “melhor tradição cultural de Coimbra” e que vai servir de estímulo à criação literária. Para Manuel Alegre a primeira edição do Prémio “foi um sucesso” e espera que a próxima edição tenha ainda mais êxito.
Na vertente política, Manuel Alegre frisou o papel de Coimbra e da Académica na luta contra o Estado Novo, um papel que na sua perspetiva é esquecido pela comunicação social e pela restante comunidade. Para Manuel Alegre sem a força da Académica “não teria havido movimento estudantil” no resto do país. O antigo estudante da Faculdade de Direito começou por recordar a preponderância da Académica na luta pela revogação do Decreto-Lei n.º 40900, que estabeleceu a dependência das associações de estudantes das escolas superiores ao Ministério da Educação Nacional do governo liderado por António Oliveira Salazar. A crise de 62 e o papel da equipa de futebol da Académica na crise de 69 foram outros dos pontos recordados por Alegre, num discurso de enaltecimento da luta da Académica contra a ditadura Salazarista. Episódios de uma casa de liberdade, como concluiu o antigo deputado.
O Prémio Literário Manuel Alegre é um concurso de escrita aberto a todos os estudantes do Ensino Superior português. A iniciativa promovida pela Associação Académica de Coimbra visa incentivar a criação de obras literárias por parte de escritores anónimos que sejam estudantes matriculados em qualquer instituição de ensino superior português.