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Xanana Gusmão: “Não há desenvolvimento sem paz, nem há paz sem o desenvolvimento”

O antigo Presidente de Timor-Leste apresentou em Coimbra uma visão pessimista sobre as dinâmicas mundiais e sobre a situação dos países do G7+, que vivem ainda maiores dificuldades depois do surgimento da Covid-19.

O anterior Presidente da República, Primeiro-Ministro e figura de proa da libertação armada de Timor-Leste, Xanana Gusmão, esteve na segunda-feira, 6 de dezembro, no Colégio da Trindade para protagonizar a conferência “Timor e g7+: desafios pós-pandemia”, e mostrou-se preocupado com a geopolítica mundial e com as consequências da ação e da influência das grandes potências nos países em situação de maior fragilidade.

Xanana falou como nacional de um desses países “frágeis” e, dessa perspetiva, referiu que estes estados frágeis sofrem com as estratégicas e os interesses dos estados poderosos, que regularmente usam estes países e territórios para se confrontar. Como forma de potenciar uma evolução em sentido oposto, o antigo presidente de Timor-Leste referiu, em declarações aos jornalistas no fim do evento, que é necessária uma reforma da Organização das Nações Unidas (ONU) que promova a aproximação dos países membros, sobretudo os que integram o Concelho de Segurança da ONU.

Como exemplo do contributo negativo a que se refere, usou a Guerra no Iémen e desilusão com o presidente norte-americano, Joe Biden, que tencionava prosseguir com a mais recente venda de material de guerra à Arábia Saudita e prolongar o desastre humanitário na região.

O G7+ é uma organização intergovernamental que atualmente congrega 20 estados em situação de fragilidade ou de pós-conflito. O G7+ foi fundado em 2010 por iniciativa timorense e tem como membros outros dois países de língua oficial portuguesa, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau. A construção do estado indepêndente e soberano de Timor-Leste foi uma experiência que serviu à formação do G7+ e que ajudou outros os países a organizarem-se em torno da construção da paz e do desenvolvimento. Não há desenvolvimento sem paz mas também não há continuidade da paz sem o desenvolvimento, referiu

As mensagens que Xanana Gusmão deixou na conferência “Timor e g7+: desafios pós-pandemia”, abordaram ainda a política ambiental e a imprevisibilidade que continua a turvar a evolução da pandemia. A abertura da sessão no Colégio da Trindade foi do Vice-Reitor da Universidade de Coimbra, João Nuno Calvão da Silva, e do Secretário-geral da g7+, Helder da Costa. O encerramento ficou com o Diretor do Instituto Jurídico da FDUC, José Manuel Aroso Linhares, a Subdiretora da FDUC, Paula Veiga, e o Reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão.

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