Queima das Fitas é apontada como fonte de novo foco de propagação do COVID-19
Um número elevado de casos de COVID-19 associados a estudantes universitários de Coimbra aponta para a Queima das Fitas como evento de propagação da doença, segundo o Instituto Ricardo Jorge. A organização do evento mantém a sua posição de que todas as normas foram cumpridas e a Queima decorreu sem incidentes.
Um estudo efetuado pelo Instituto Ricardo Jorge (IRJ) quanto à atual situação pandémica do COVID-19, aponta para a Queima das Fitas de Coimbra como a principal causa da propagação de uma nova linhagem do vírus. João Paulo Gomes, investigador do IRJ, apontou vários fatores para atribuir o crescimento de novos casos à Queima das Fitas, evento que decorreu em Coimbra entre a ultima semana de Outubro e o inicio de Novembro.
Os principais argumentos que apontam para esta realidade prendem-se com a semelhança genética das amostras de vírus recolhidas para este estudo. João Paulo Gomes deixou claro na sua análise de que a propagação num curto espaço de tempo de uma linhagem geneticamente semelhante aponta para um evento chave como foco de infecção.
Munido desta informação, a ligação à festa académica realizada no mês passado torna-se mais clara quando se analisa a proveniência e a faixa etária dos sujeitos infectados com esta linhagem particular do vírus – jovens em idade universitária provenientes da região Centro.
Quando inquirido se outro evento ou causa poderia estar por detrás destes números, o investigador diz “não haver margem para dúvidas”, com a proximidade temporal dos contágios a deixarem de parte qualquer possibilidade de coincidência.
João Paulo Gomes aproveitou ainda para ressalvar que este é um desfecho expectável, tendo em conta as características próprias dos eventos de massas, como foi a Queima das Fitas.
A resposta por parte da Comissão Organizadora da Queima das Fitas (COQF) é peremptória – as normas foram seguidas e o evento decorreu sem incidentes sob o escrutínio das autoridades de saúde que o organizaram.
Carlos Missel, coordenador da COQF, deixou claro em entrevista à RUC que a comissão esta de consciência tranquila e organizou o evento segundo a realidade pandémica que se vivia na altura, dando o exemplo de todos os outros estabelecimentos e serviços funcionavam em simultâneo sem restrições na cidade.
Olhando para o futuro, Carlos Missel afirmou que muitas das novas iniciativas criadas durante esta queima são para continuar, e as lições aprendidas serão aplicadas na próxima edição, a realizar em Maio deste ano e que já começa a ser preparada.
As declarações de Carlos Missel ecoam as palavras de João Assunção, que anteriormente em declarações à comunicação social já tinha reforçado o cumprimento das normas no desenrolar do evento.