“Há um tabu sobre a transtemporalidade da cidade”
O passado, o presente e o futuro de Coimbra que vão estar em discussão no colóquio “Coimbra 30-2030”, foram os principais assuntos de conversa com José António Bandeirinha, Luís Miguel Correia e Carolina Coelho, no Especial Academia do programa Observatório de segunda-feira, 15 de Novembro.
O Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra vai ser o espaço de encontro e debate para os especialistas nacionais e internacionais que vão abordar a arquitetura e o espaço urbano da cidade de Coimbra desde a época romana até à atualidade, oferecendo, afirma a organização, “uma renovada perspetiva da evolução da cidade”.
O colóquio é uma organização conjunta do Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, do Centro de Estudos Sociais e do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da UC. Através do edificado quer-se também falar das vivências que o ambiente construído gera. No primeiro dia do colóquio, terça dia 16, os trabalhos vão concentrar-se em 19 séculos de história. Império Romano, idade média, renascença e época moderna vão mostrar-se no colóquio através do trabalho dos artistas e arquitetos que projetaram Coimbra. O segundo dia vai concentrar-se no período histórico mais recente, sensivelmente desde 1930 até à atualidade.
Um dos convidados internacionais é o arquiteto e urbanista catalão Joan Busquets que, segundo José António Bandeirinha, “representa o futuro” neste evento que tenta conciliar passado e presente. Já em 2010, Joan Busquets planeou uma nova centralidade para a cidade na aproximação à linha ferroviária de alta velocidade, sendo na opinião dos convidados “a proposta mais estruturante para o futuro” e que ficou parada nos últimos anos. Politicamente está muito por definir e não se consegue planear sem a orientação política.
“A humanindade está a deixar cair a dimensão política da cidade”
O encontro “Coimbra 30-2030: Coloquio Internacional sobre a arquitetura e o espaço urbano da cidade” pretende ainda tocar a chegada da era digital que “assentiu à transformação física a dimensão universal” .O advento do digital alterou as relações, as distâncias e o modo de contacto entre as pessoas e os espaços. É uma nova era onde a ligação virtual com o mundo, defendem, precisa de manter a ligação real com a cidade para não cair em contradição. A cidade é o contacto real e o espaço de “troca de muitas coisas”: troca de afetos, olhares e ideias. As cidades são entidades iminentemente políticas, defendem, e a era digital precisa dessa ligação com a realidade da cidade para não “cair no absurdo da desumanidade”.
Os três arquitectos e coordenadores do colóquio internacional Coimbra 30-2030, José António Bandeirinha, Luís Miguel Correia e Carolina Coelho, demonstraram esperança na atenção que as instituições e autoridades públicas possam prestar aos oradores do encontro. José António Bandeirinha afirma que “frequentemente em Coimbra assiste-se a tensões temporais” entre o que é antigo, o que é novo e a reabilitação do existente. Este evento, que é de entrada livre, pretende ainda ajudar a cidade a libertar-se dessas tensões e trabalhar com o tempo de forma mais natural.