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16.11.2021POR Miguel Tavares

Cesário Silva: “Há uma exploração do estudante enquanto modelo de negócio nas residências privadas”

O espaço de comentário do candidato à Direção Geral da AAC, Cesário Silva, ficou marcado pela discussão da influência de interesses políticos nas lutas da Académica, a responsabilidade da AAC e da UC no que toca às residências para estudantes, as fontes de financiamento da Académica e a ligação desta à cidade.

O comentário do Observatório da passada quinta-feira, dia 11, esteve a cargo de Cesário Silva, candidato à presidência da DG/AAC pela Lista V – Académica de Valores, numa intervenção em que Cesário Silva procurou por várias vezes enfatizar aquilo que considera ser os maiores problemas da Direção Geral atualmente: a falta de proximidade aos estudantes, e o foco nas suas lutas próprias em vez daquelas que são do dia-a-dia dos estudantes.

“Nunca tive um interesse político, o meu amor sempre foi à casa e ao associativismo”

Confrontado com o facto de ter criticado recentemente os “interesses pessoais” de anteriores direções, Cesário Silva fez questão de distinguir entre o seu interesse pessoal, que afirma partir de uma vontade de ver a AAC alcançar o seu potencial enquanto fonte de luta estudantil, com o de outros candidatos, que no seu entender estão demasiado imiscuídos com pressões partidárias, que desvirtuam a luta da Académica. “É impossível não ter pendor político”, afirma o antigo presidente do Núcleo de Estudantes de Informática, mas este não pode nem ser o principal objectivo de quem se candidata à DG/AAC, nem pode limitar ou guiar a ação da mesma.

Cesário Silva defende que a posição na AAC não pode ser usada para fins pessoais ou partidários, e a vontade de se candidatar pelo desenvolvimento da Académica deve sobrepor-se a estes, que no seu caso pessoal acabou por justificar adiar a conclusão dos seus estudos.

“A UC deve conseguir oferecer alojamento a todos os estudantes que dele precisem.”

A habitação universitária foi colocada em destaque pelo candidato, que afirma esta ser uma das principais lutas para a sua candidatura, a par da melhoria de outros serviços de ação social, onde também destacou o apoio à saúde mental da comunidade estudantil. A habitação, no entanto, é um tema que mereceu mais destaque, por aquilo a que Cesário Silva considera ser uma exploração do estudante enquanto modelo de negócio por partes das empresas e indivíduos que participam no mercado de arrendamento na cidade.

Esta exploração é fruto por um lado da falta de oferta de residências e condições por parte da Universade, que no entender de Cesário Silva tem uma responsabilidade por cumprir com os estudantes no que toca ao alojamento. Naquilo que o candidato da Lista V considera ser o maior obstáculo financeiro atualmente para o acesso ao ensino superior, a DG/AAC também pode fazer mais. Por um lado, pressionando a UC para que ofereça mais e melhores condições para alojamento universitário, mas também revitalizando iniciativas antigas de certificação de habitações como “amigáveis” como estudantes, impedindo os alojamentos sem contrato ou sem condições.

“É preciso aproveitar o alcance que a Académica tem enquanto pilar da cidade.”

A luta contra a iniciativa privada na habitação contrasta com a posição da Lista V no que toca ao financiamento da DG/ACC, que defende a procura de mais iniciativas e parcerias com entidades privadas para reforçar a capacidade financeira da Académica. Cesário Silva diz que as posições não são incompatíveis, até porque aquilo que propõem não procura “explorar os estudantes ou a AAC”, mas sim aproveitar a posição da AAC enquanto pilar de Coimbra para criar sinergias com empresas locais e nacionais.

Recuperando o exemplo dado no debate da passada quarta-feira, o alcance que vários eventos organizados pela Académica tem a nível nacional deve ser aproveitado pela Direção Geral, sem nunca “vender o símbolo da Académica”. Esta é uma preocupação que Cesário Silva tem ouvido, mas que diz ser possível de assegurar, tanto pela sua experiência passada a realizar acordos semelhantes enquanto presidente do Núcleo de Estudantes de Informática, como também pela natureza da proposta da Lista V, que colocará sempre perante a Assembleia Magna qualquer proposta de parceria.

“O investimento atual no edifício da AAC é um penso numa cratera.”

Também houve tempo para discutir o edifício sede da AAC e as obras de reabilitação anunciadas com um orçamento de 200.000€. Para o candidato, esta obras são um bom começo, e não se pode dizer que são más, mas são claramente um bom início que tem de ser incrementado no futuro. Este investimento não pode servir de escudo atrás do qual a Reitoria da UC se protege de críticas e tem de ver continuidade no futuro. A postura da DG/AAC com a reitoria, para Cesário Silva, tem de ser pragmática e de colaboração, mas reivindicativa. Para o estudante da FCTUC, se a reitoria continuar a prometer e a não cumprir, a AAC tem de exigir. Os exemplos dados para promessas não cumpridas não se ficam pelo edifício sede, mas também pela questão das cantinas, do prato social e da habitação, já mencionada.

Cesário Silva defende um ligação mais próxima com a reitoria, bem como com todas as instituições da cidade – ligações que diz terem caído no esquecimento nos últimos anos.

Para consultar a entrevista completa basta clicar no link acima ou aceder através do nosso Spotify.

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