[object Object]

Mário Campos: “[O percurso enquanto atleta-estudante] foi violento, mas fi-lo com tanto gosto que valeu a pena”

A carreira futebolística de Mário Campos enquanto atleta da Associação Académica de Coimbra esteve em destaque no espaço de comentário do Observatório da passada quinta-feira, dia 4.

De forma a comemorar 134º aniversário da Associação Académica de Coimbra, que se assinalou no passado dia 3, o espaço de comentário do Observatório da passada quinta-feira, dia 4, esteve a cargo de Mário Campos, antigo jogador de futebol academista.

“[No primeiro jogo pela Académica] desci ao estádio muito emocionado, lembro-me que chorei”

A antiga glória academista, Mário Campos, começou por lembrar a forma como chegou à Académica, por intermédio do técnico Mário Wilson. Numa altura em que o irmão mais velho, Vítor Campos, já vestia a camisola principal da Briosa, o jogador, natural de Torres Vedras, acabou por se mudar para Coimbra ainda enquanto estudante do liceu.

O jogador teve a oportunidade de recordar a emoção sentida no seu primeiro jogo enquanto atleta da equipa principal da Académica, que opôs os estudantes à formação do Varzim, no qual assinalou um golo. Apesar do nervosismo inicial, Mário Campos lembra um bom jogo no qual se sentiu suportado pela equipa.

“A equipa [da época 1966/1967], era muito forte. E todos estudantes!”

Ao olhar para a temporada 1966/1967, em que a AAC terminou o campeonato na 2ª posição da tabela classificativa e alcançou também a final da taça de Portugal, Mário Campos realça a qualidade do plantel que, apesar de ser unicamente composto por estudantes, foi capaz de fazer frente a um SL Benfica que tinha acabado de disputar 4 finais da Taça dos Campeões Europeus consecutivas.

A referência academista explicou que todos conseguiam conciliar os estudos com a prática desportiva porque “isso era o que a Académica fazia bem”. Segundo Mário Campos, o ambiente na equipa fazia com que “quem não estudasse é que se sentia mal”.

“Como as eliminatórias iam passando e nós corríamos para a final, os estudantes reuniam-se nos jardins da AAC onde o Zeca Afonso ou o Adriano deram espetáculos que trouxeram ainda mais força para a luta dos estudantes”

A entrevista também passou pela célebre campanha da Associação Académica de Coimbra na Taça de Portugal de 1969, que, ao impedir o fecho do edifício-sede da AAC, motivou encontros que ajudaram a dinamizar a revolta estudantil que culminou no Jamor.

Mário Campos recordou ainda as participações europeias da Académica, destacando os quartos-de-final da Taça das Taças, ronda em que Académica acabaria por sair vencida pelo Manchester City. Das várias deslocações ao estrangeiro que protagonizou enquanto jogador, a antiga glória recorda vários episódios nos quais ficou espelhada a dimensão internacional da Académica e da cidade.

“Estive na Assembleia Magna em que se discutiu a extinção da secção. A discussão durou 5 minutos e acabou o futebol da Académica”

O jogador, que na época era ainda estudante de medicina, lembra o fim do futebol da Académica como “uma estupidez”. Para Mário Campos, aqueles que ditaram a extinção da secção, a que apelidou de “esquerda” e “extrema-esquerda”, achavam que “o futebol era a alienação do povo”, embora também eles fossem adeptos dos seus clubes. Assim, a Associação Académica de Coimbra acabou por dar lugar ao Clube Académico de Coimbra (CAC).

No final, apesar das dificuldades sentidas por ser atleta-estudante, Mário Campos fez um balanço positivo da sua carreira futebolística.

Para ouvir a entrevista na íntegra pode consultar o link acima ou aceder através do nosso Spotify.

 

 

PARTILHAR: