Alexandre Carvalho: “O Governo não quis negociar à esquerda e quis provocar eleições”
O chumbo do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) e a análise das intenções dos partidos da equeda parlamentar foram os temas principais do comentário no programa Observatório de quarta-feira, 27 de Outubro.
A proposta de OE2022 que foi apresentada pelo Governo à Assembleia da República (AR) — e chumbada pela maioria dos deputados na quarta-feira, 27 de outubro — era, na opinião de Alexandre de Sousa Carvalho, compreensívelmente inaceitável para os partidos à esquerda do Partido Socialista (PS) . O PS votou favoravelmente, o Pessoas Animais Natureza (PAN) e as deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira, ex-PAN e ex-Livre respectivamente, abstiveram-se. As bancadas do Partido Comunista Português (PCP), Partido Ecologista Os Verdes (PEV) e Bloco de Esquerda (BE) votaram contra. Partido Social Democrata (PSD), CDS-Partido Popular (CDS-PP), Iniciativa Liberal e Chega também votaram contra. No total foram 117 votos contra, 108 a favor e 5 abstenções. O primeiro-ministro António Costa afirmou que o Governo sai “de consciência tranquila” da votação do OE2022 e que está pronto para governar por duodécimos. O Presidente da Republica, Marcelo Rebelo de Sousa, vai decidir, ou não, pela dissolução da AR e convocação de eleições
“eu tenho uma pequena suspeita que o PS não queria o orçamento aprovado”
Alexandre de Sousa Carvalho, membro da Assembleia de Freguesia de Santo António dos Olivais eleito pelo movimento Cidadãos por Coimbra (CpC), entende que “o Governo não quis negociar à esquerda e quis provocar eleições” num momento de convulsão no PSD e no CDS-PP. No entendimento do autarca dos Olivais, o PS pensa sobretudo na maioria absoluta.
Todos os sinais relativos ao que se foi sabendo sobre as negociações do Governo do partido Socialista, liderado por António Costa, com as bancadas parlamentares e deputadas não inscritas faziam antecipar o chumbo que se confirmou esta quarta-fera, 27 de outubro. Para o PCP, o PEV e o BE, Alexandre Sousa Carvalho acredita que o chumbo se deve à falta de cumprimento dos compromissos por parte do PS, que se tornou evidente desde 2019, quando as medidas negociadas deixaram de ter garantia de aplicação imediata ou prazos de cumprimento. Na equação do comentador entra ainda a análise de que o OE2022 é um exercício de contenção orçamental mascarado com o Plano de Recuperação e Resiliência.
“com um governo de gestão […] o PRR fica congelado até ao novo governo tomar posse”
Quem vai beneficiar com as eleições é para já um exercício de previsão difícil. Ainda assim Alexandre Carvalho vê como principais beneficiários o Partido Socialista que, juntamente com a direita, vai responsabilizar e prejudicar eleitoralmente os partidos à esquerda, e o Chega que pode ter um crescimento eleitoral capaz de o tornar um parceiro de coligação viável para o PSD, qualquer que venha a ser o líder.
No comentário foi abordada também a eleição da Mesa da Assembleia Municipal de Coimbra que tem como Primeira Secretária, Graça Simões do CpC, e sobre as primeiras semanas de trabalho dos autarcas eleitos em setembro. Pode escutar o comentário completo no podcast da RUC.
[atualizada: 14h34, 29 de outubro]