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08.10.2021POR Inês Rodrigues

Fogo Fogo celebram 35º Aniversário da RUC com concerto no TAGV

A Rádio Universidade de Coimbra fecha as celebrações do seu 35º Aniversário com um concerto d’Os Fogo Fogo no Teatro Académico de Gil Vicente.

Para festejar “35 anos no ar sem restrições” da RUC, Os Fogo Fogo apresentam ao vivo o seu novo trabalho, “Fladu Fla”, no dia 11 de Novembro, pelas 21h30, no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV).

 

Integrarão ainda o alinhamento sons de clássicos do “funaná” que a banda transporta para os tempos de hoje, utilizando instrumentos elétricos e formações musicais semelhantes às dos grupos de pop/rock e afro/funk/reggae dos anos 60/70. Com influências de rock psicadélico e dub, alguns dos estilos mais experimentais dessas épocas, procuram levar mais longe essa tradição, à luz dos dias de hoje. Nesse sentido, a proposta de Fogo Fogo demarca-se das demais, quase exclusivamente ligadas à música eletrónica.

 

Inês Nascimento Rodrigues esteve à conversa com David Pessoa e João Gomes, elementos da banda, para saber mais sobre o mais recente trabalho d’Os Fogo Fogo e descobrir o que podemos esperar do concerto de celebração do 35º Aniversário da RUC. Em entrevista, o bateria e o teclista da banda explicaram o percurso traçado desde 2014, na Casa Independente, até ao lançamento deste primeiro longa-duração de originais, Fladu Fla, no mês passado:

A capa de Fladu Fla é da autoria do artista Vhils. Nela podemos ver diferentes elementos, desde uma garrafa de grogue e da cerveja Strela, à cachupa cabo-verdianas. É possível identificar também vários instrumentos musicais, mas também artistas, muitos deles da canção de intervenção, como Zeca Afonso e José Mário Branco, por exemplo, mas também de Orlando Pantera, Tim Maia, Paulino Vieira, Lee Scratch Perry, Jimmy Hendrix e até dos próprios Fogo Fogo. Todos surgem reunidos em torno de uma figura maior: a do líder anticolonial Amílcar Cabral. David Pessoa e João Gomes explicam o processo artístico por trás da capa do disco e como este representa uma cartografia das influências musicais, políticas, culturais e sociais da banda:

Hora di Bai é o tema que abre Fladu Fla, uma canção sobre os constantes trânsitos do povo cabo-verdiano, que vive significativamente na diáspora. Durante o colonialismo, Cabo Verde foi regularmente assolado por secas e fomes cíclicas que forçaram muitos cabo-verdianos e cabo-verdianas a emigrar. Se uns, sobretudo a população camponesa de Santiago, seguiam o caminho duro e desumano do trabalho nas roças de São Tomé e Príncipe, outros há que fizeram e fazem outros trajetos, emigrando para os EUA, para países do continente africano como o Senegal e também para a Europa. Hora di Bai remete-nos, então, para essas trajetórias do povo cabo-verdiano viajante e emigrante:

A música (e outras expressões artísticas) tem sido uma forma de reconhecer a relevância da presença negra e africana, maioritariamente silenciada, em muitas cidades europeias. Lisboa não escapou, felizmente, a esse movimento. Um movimento no qual as contribuições, as vozes e os legados negros são valorizados como elementos vitais da música e sociedade portuguesas (lembramos, por exemplo, de General D, Chullage, Buraka Som Sistema e tantos outros). Hoje é inegável que a paisagem sonora de Lisboa é também desenhada a partir de outras coordenadas. Os Dead Combo chamam-lhe Lisboa mulata, Dino de Santiago, Lisboa nova. A historiadora Isabel Castro Henriques considera-a a cidade mais africana da Europa. David Pessoa e João Gomes contam-nos que Lisboa é esta a dos Fogo Fogo:

No dia 11 de Novembro a formação é clássica: Edu Mundo na bateria, Francisco Rebelo no baixo, Danilo na guitarra solo e voz, David Pessoa na guitarra ritmo e voz e João Gomes nos teclados. Os Fogo Fogo garantem festa, seja de pé ou sentados:

 

O tradicional concerto de aniversário da Rádio Universidade de Coimbra volta a acontecer nas tábuas do palco do TAGV e o convite é lançado pelos próprios Fogo Fogo, que encerram as celebrações de 35 anos de RUC no ar e sem restrições:

 

A entrevista completa pode ser ouvida na ligação acima.

Bilhetes à venda na bilheteira do TAGV e em bol.pt. 

Este concerto realiza-se no âmbito do III Ciclo de Música Orphika da Universidade de Coimbra e conta com o apoio da Embaixada da República de Cabo Verde em Portugal, CCCV – Centro Cultural de Cabo Verde, da Così e da República da Saudade.

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