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“Descarbonização da economia” e “transição energética justa” são essenciais [Filipe Duarte Santos na FEUC]

“Até 2030 é crucial, para cumprir o acordo de Paris, que as emissões de dióxido de carbono sejam zero”, realçou Filipe Duarte Santos acrescentando que essa transição tem de ser “justa” e ter em conta todos aqueles que vão perder os seus empregos.

A Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) convidou o professor catedrático jubilado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FC-UL), Filipe Duarte Santos, para proferir a Conferência de Abertura do ano letivo intitulada “O desafio das alterações climáticas no Século XXI e seguintes”. A conferência decorreu no anfiteatro da faculdade, na quarta-feira, dia 22 de setembro.

Uma “transição justa” da economia passa pela reconversão de muitos dos trabalhadores de forma a terem novas oportunidades de emprego, disse no final à RUC.

Secas mais frequentes, incêndios  florestais mais violentos, ou a subida do nível médio da água do mar, são exemplos das consequências das alterações do clima, um pouco por todo o mundo, mas também no nosso país.

São muitos os desafios que as novas gerações enfrentam. Hoje, mesmo sexta-feira ativistas pelo clima manifestam-se em Coimbra e em várias cidades do país e do globo. O conferencista falou-nos da importância de os jovens estarem conscientes do problema das alterações climáticas e tentarem pressionar as entidades públicas.

O desenvolvimento das energias renováveis tem-se desenvolvido no nosso país. Segundo o jornal Expresso, o primeiro-ministro, António Costa, sustentou em Madrid na COPC25 que o objetivo do Governo é que, em 2030, 80 por cento da energia consumida no país tenha origem em fontes renováveis. Duarte Santos considerou o percurso do nosso país como “muito positivo”, nesta questão.

A Comissão Europeia tem em discussão um documento que propõe que até 2035 todos os novos automóveis comercializados têm de deixar de ser movidos a combustíveis fósseis. O público em geral também pode contribuir para a descarbonização da economia. O docente dá um exemplo de uma decisão em que isso acontece.

Descarbonizar a economia vai ser fundamental para o professor catedrático da FC-UL. Parar a emissão de CO2 e conseguir que o modelo de desenvolvimento deixe de depender dos combustíveis fósseis, torna-se uma questão difícil de resolver num mundo a duas velocidades. Vai ser necessário “ajudar os países em desenvolvimento”, disse.

Depois de divulgado o relatório das Nações Unidas conhecido como IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (versão brasileira), o presidente dos Estados Unidos considerou não ser possível “continuar a esperar para lidar com as alterações climáticas”. A conferência das Nações Unidas sobre o clima vai decorrer na Escócia, em Glasgow, de 31 de outubro a 12 de novembro. A posição da nova presidência dos Estados Unidos, pode ser um sinal de esperança.

Embora as expectativas sejam positivas, “por vezes é difícil chegar a consensos”. Filipe Duarte Santos tem participado em várias cimeiras do clima. Lembrou as discussões intermináveis antes de se conseguir o texto final do acordo de Paris em 2015.

De acordo com Filipe Duarte Santos na atualidade colocam-se “três questões essenciais em relação às alterações climáticas. A primeira é saber se estamos ou não em emergência climática. A segunda questão crítica é saber se há ou não vontade e determinação para resolver o problema à escala global. A terceira questão é saber quem vai pagar a transição energética dos combustíveis fósseis para as energias renováveis e a travagem da desflorestação nas regiões tropicais. São custos elevados mas necessários para efetuar a transição. Quem os vai pagar e como se vão pagar?”

Filipe Duarte Santos preside ao Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS) de que fazem parte dois docentes da FEUC, José Reis e Patrícia Pereira da Silva. A sessão foi encerrada pelo vice-reitor, Nuno Calvão da Silva em representação do reitor da UC por este estar em negociações sobre o Plano de Recuperação e Resiliência.

Pode assistir à conferência no canal do youtube da FEUC, aqui.

Fotografia: FEUC

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