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20.09.2021POR Tomás Cunha

Manuel Machado: “TGV? Vamos ver quando avança…é mais velho que o Metro Mondego”

32 anos depois o objetivo de Manuel Machado continua a ser o mesmo: ganhar a Câmara Municipal de Coimbra. Economia, Transportes e saúde foram os principais temas da entrevista ao candidato do Partido Socialista.

Manuel Machado é um dos rostos políticos mais conhecidos dos conimbricenses. O candidato pelo Partido Socialista é presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) desde 2013 e é formado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC). Se ganhar chegará  ao seu terceiro mandato consecutivo, mas que será na verdade o seu sexto depois da interrupção forçada pela vitória de Carlos Encarnação em 2001. E foi pelo passado que começámos esta entrevista: “está feito” foi uma frase dita e repetida por Manuel Machado várias vezes ao longo da conversa gravada nos estúdios da rua Padre António Vieira.

“Está feito” uma frase dita e repetida por Manuel Machado ao longo da entrevista

A requalificação urbana, a intervenção nas margens dos Mondego e as relações entre a academia e a cidade foram os três destaques escolhidos por Manuel Machado no que toca às diferenças entre 1990 ano do primeiro mandato e 2021. Relativamente à relação entre Mondego e a cidade Machado apontou as mudanças existentes nesta ligação. “Não é só do Choupal até à Lapa”, afirma Machado.

“A  ligação ao Mondego já não é só do Choupal até à Lapa”

O candidato socialista vai mais longe: é mesmo até à Figueira da Foz desde a Portela”, remata o candidato socialista que avançou na última um novo projeto para a zona marítima: uma marina. O candidato socialista compreende a perplexidade de muitos conimbricenses perante a proposta, mas garante que o projeto tem viabilidade:

“Já existem sítios de operação portuária (desportos náuticos)”, afirma Machado. O candidato incumbente referiu que existe uma necessidade de construir um local de atracagem devido ao licenciamento das barcas serranas, daí indispensabilidade de uma marina em Coimbra. Uma obra que pretende fixar desporto e locais de recreio junto ao rio, explica o candidato.

“É um facto que a pandemia amedrontou as pessoas mas não nos deixamos confinar em casa”. 

Dos anos 80 passámos para 2020, ano da eclosão da pandemia de COVID-19 e que mudou não só as nossas vidas de forma drástica, mas também a forma de fazer política a nível autárquica como admite Manuel Machado: “É um facto que a pandemia amedrontou as pessoas mas não nos deixamos confinar em casa”.  Questionado sobre as dificuldades de governar em plena época pandémica, Manuel Machado optou por elencar algumas das medidas camarárias de combate à pandemia: computadores, apoio alimentar e a abertura de espaço público foram os destaques escolhidos por Machado.

Esplanadas são para continuar afirma Machado

Relativamente à utilização do espaço público por via das esplanadas Manuel Machado foi peremptório: as esplanadas são para continuar se o PS ganhar novamente as eleições.

Machado desvaloriza Censos e aponta Olympus e TIS como exemplos a seguir

Relativamente aos Censos 2021 Manuel Machado voltou a desvalorizar os números de Coimbra. O distrito registou um decréscimo de 5% da sua população, com todos os concelhos a perderem habitantes na última década. Manuel Machado relembrou que os resultados são preliminares e que houve uma travagem na perda da população face ao período entre 2001 e 2011.

“Vamos recuperar a questão demográfica”

O autarca do PS aproveitou o tema para fazer a ponte para outro dos temas da campanha: o iParque, o parque de ciência e tecnologia localizado em Antanhol. Manuel Machado garante que o parque tem vida e deu como exemplos a fixação da  Olympus e da TIS que em breve vão concluir a construção das suas novas fábricas. Na perspetiva do autarca de 65 anos a aposta tem de passar por criar condições de atratividade, apoiando os empresários para instalarem. Diagnóstico feito. Porém a questão que se imponha é simples: Como é que se criam estas condições? Através da criação de mecanismos de apoio ao investimento e incentivos fiscais para reabilitação urbana empresarial, responde o candidato rosa. Exemplos disso? Manuel Machado aponta para a criação do Regulamento Coimbra Investe e das novas Áreas de Reabilitação Urbana.

Do Metro Bus ao elevador das Monumentais

Com o tema economia arrumado apanhamos boleia de “Metro”para abordar a questão dos transportes em Coimbra. Uma boleia metafórica naturalmente face ao fracasso do projeto Metro Mondego agora requalificado em Metro Bus e que custou de forma direta aos contribuintes portugueses a “módica” quantia de 118 milhões de euros. Para falar deste tema poucas pessoas serão melhores que Manuel Machado.

Afinal de contas o atual presidente da Câmara Municipal é um dos pais do Sistema de Mobilidade do Mondego que na prática colocou milhares de pessoas sem grande mobilidade e completamente dependentes de viatura própria ou de autocarros para fazer a ligação entre Coimbra e Lousã.

“O Metro Mondego vai mesmo transportar pessoas. Não tenho dúvidas”

Manuel Machado garantiu que o sistema de Metro Bus vai estar concluído em breve e que os estudos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) deram luz verde ao projeto. Caso para dizer Habemus Metro? Ainda não, mas está para muito breve, atira Manuel Machado

Propostas para a Estação – B estão a ser analisadas diz Manuel Machado

Relativamente à falta de uma ligação direta ao Polo I da Universidade de Coimbra, Manuel Machado optou por desvalorizar as críticas e recordou que será realizada uma obra complementar para ligar o Metro Bus à Alta Universitária: o elevador das Monumentais. Da alta descemos para a Estação B ou “apeadeiro velho” como chama Manuel Machado. “Foi feito o projeto, foi lançado o concurso e as propostas estão a ser analisadas para a requalificação da Estação Coimbra B numa verdadeira estação ferroviária e com uma interface intermodal.

“TGV? Vamos ver quando avança…é mais velho que o Metro Mondego”

E o TGV? Vai Coimbra perder a alta velocidade? Manuel Machado voltou a desvalorizar a questão e mostrou otimismo: “Conheço o processo e não há nenhuma razão para ter essa preocupação” começou por afirmar o candidato socialista. O economista e autarca não tem dúvidas: “Não podemos ficar parados à espera da última moda. Onde passar a linha terá de ser feita a extensão de Coimbra-B.” Manuel Machado vai mais longe e puxa dos galões de dinossauro autárquico para questionar a viabilidade do Comboio de alta velocidade em Portugal: “vamos ver quando avança o TGV”, atira Manuel Machado. Já a Estação Nova é mesmo para fechar em 2023, conclui Machado.

“A vantagem de ter alguns anos de vida autárquicas é antever os tempos que isto (TGV) vai demorar”

Aeroporto é para avançar e nova unidade aeroportuária não esbate com os objetivos do Green Deal, afirma Machado

Nas eleições autárquicas de 2017 o grande tema da campanha foi o aeroporto prometido por Manuel Machado. A promessa foi feita mas o projeto ficou na gaveta. Quatro anos depois Manuel Machado mantém a intenção: “Continuo acreditar e associo-me a todos os meus pares para reivindicar uma infraestrutura aeroportuária no centro do país”.

“A evolução tecnológica vai trazer novas forças motrizes.”

Questionado sobre a concordância deste projeto com as metas europeias estipuladas pelo Green Deal que vão impor uma redução dos voos internos até 2050 Manuel Machado rejeita essa visão e recusa a ideia de um novo aeroporto ser discordante com os objetivos europeus de resposta à crise climática. A evolução tecnológica, o facto de a região centro ser a única região da Europa sem aeroporto e a ocorrência da cidade do Porto separar Coimbra do Sá Carneiro em Pedras Rubras justificam na perspetiva de Manuel Machado a construção de uma nova unidade aeroportuária. Um projeto que tem tido concordância dos várias autarquias locais, remata Manuel Machado.

 

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