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08.09.2021POR Miguel Tavares

Francisco Queirós: “A falta de um emprego com direitos leva muita da juventude a sair”

O candidato da CDU à Autarquia de Coimbra apresentou uma visão geral da coligação para Coimbra, com ênfase na necessidade de habitação e empregos dignos no concelho como forma de fixar a população jovem. Uma posição de confiança da Coligação Democrática Unitária, que compreende estar num ciclo menos forte em termos eleitorais, mas não quer limitar a sua acção política aos ciclos eleitorais.

Francisco Queirós, atual vereador eleito pela CDU no seu terceiro mandato, esteve presente no Observatório de 8 de Setembro para mais uma entrevista RUC do ciclo de conversas pré-eleitorais.

O candidato pela coligação PCP-PEV, atual responsável pelos pelouros de Habitação Social e Habitabilidade, entre outros, procura servir um quarto mandato na Câmara Municipal de Coimbra e, embora seja atualmente o único vereador da oposição com pelouro, não poupou as críticas à ação do atual executivo durante os últimos mandatos.

“Independentemente dos resultados a CDU continuará a intervir.”

Confrontada com uma diminuição da percentagem do eleitorado votante na CDU nas últimas eleições autárquicas (11% em 2013, 8.30% em 2017) e resultados com trajetória semelhante nas eleições legislativas e presidenciais, o candidato à autarquia de Coimbra deixou claro que o papel do Partido Comunista Português (PCP) não se limita às eleições. Os exemplos da participação em sindicatos e outras instituições de ativismo político são dados como prova da ideia de que a CDU continuará ativo no concelho, mesmo que não consiga eleger nenhum vereador.

Esse vereador único da CDU tem sido um ponto chave dos últimos mandatos, viabilizando a maior parte das vezes a maioria do Partido Socialista (PS), que conta com 5 vereadores eleitos. Francisco Queirós afirma que esta posição de colaboração com outras forças políticas é para manter, independentemente de quem for eleito para a presidência da câmara municipal. Aliás, lembra a designação de “Vodka com Laranja”, termo derrogatório que outras forças políticas em anos anteriores encontraram para criticar colaborações PSD-CDU.

“Não vai ser apenas a CMC a intervir na política de habitação. É necessário o poder central.”

Virando para o tema mais próximo do atual vereador, a habitação, o militante do PCP afirma que, por muita iniciativa que a câmara municipal apresente, é necessário uma intervenção do estado para que a situação melhore. Francisco Queirós defende uma limitação da proliferação dos alojamentos locais – que nos seu entender serviram já o seu propósito ao ajudar na recuperação de várias zonas da cidade – e uma aumento da habitação social, naquilo que entende ser uma das maiores falhas do governo Português: a falha no cumprimento do direito à habitação, estabelecido no Artigo 65° da Constituição da República Portuguesa.

Uma ação que é enquadrada com a falta de emprego digno e bem remunerado como a base das alterações necessárias para fixar jovens e trabalhadores qualificados no município. Ações essas que, ainda assim, têm de ser adaptadas à realidade local, visto que enquanto que outras áreas urbanas (Lisboa, Porto, Aveiro) vêm os municípios periféricos a ganhar população, tal não se verifica no distrito de Coimbra, facto que segundo o atual vereador resulta na necessidade de uma análise mais específica à realidade do distrito.

“Na ferrovia, estamos em contraciclo na cidade.”

Com a CDU a apresentar como uma das suas lutas para o concelho a “Defesa do Ramal da Lousã”, Francisco Queirós admite que essa é uma luta que se está a perder, olhando para o investimento atual do estado na ferrovia e o desinvestimento das últimas décadas nos ramais da Lousã e Figueira da Foz como prova de que a região e a cidade estão num contraciclo em que Coimbra está do lado errado. O atual Sistema de Mobilidade do Mondego é indicado com “uma tentativa de dar algo às pessoas”, mas que no entender do candidato, não é suficiente, deixando claro que a aposta em sistemas ferroviários deve ser reforçada.

“Coimbra tem duas maternidades, e precisa de mais uma.”

Na saúde, a CDU apresenta duas posições: é preciso reverter a fusão do Hospital dos Covões e do Hospital Central, situação que no seu entender nunca deveria ter acontecido; e que é necessário aos representantes políticos da cidade deixarem de ter “duas caras”, que Francisco Queirós afirma estes terem quando se encontram em Coimbra, ou em Lisboa. Uma situação que o vereador da CDU diz levar a um bloqueio na gestão da saúde do concelho, com uma aparente concordância local de que o Hospital dos Covões deve ser valorizado, mas que desaparece quando o assunto é discutido no parlamento.

Quanto às maternidades em Coimbra, o representante da CDU afirma que as duas maternidades existentes (Daniel de Matos e Bissaya Barreto) necessitam de intervenções de recuperação, mas que para além disso é necessário uma nova maternidade para as crianças que “vão continuar a nascer” e para as quais as infraestruturas existentes não são suficientes. Situação que revê nos Hospitais da Universidade, que estão “a rebentar pelas costuras”.

 

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