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Bernardo Fazendeiro: “De forma genérica, a estadia norte-americana [no Afeganistão] foi um fracasso”

A crise politica no Afeganistão, a história das intervenções americanas no país e as possíveis consequências do momento atual foram os assuntos debatidos neste espaço de comentário do Observatório.

Bernardo Fazendeiro, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), foi o responsável pelo espaço de comentário do Observatório desta sexta-feira, dia 20.

“Face ao que aconteceu, a retirada devia ter sido feita de outra forma”

A tomada do Afeganistão por parte do grupo radical islâmico talibã, que sucedeu o anúncio de retirada dos Estados Unidos da América de solo afegão, foi, na opinião de Bernardo Fazendeiro, resultado de uma estadia “fracassada”.

Para o professor, a saída dos norte-americanos, que sempre foi uma prioridade para o atual presidente Joe Biden, não era uma opção “viável”. No entanto, o comentador lembra que mesmo os próprios talibãs estavam “surpreendidos” com a rapidez com que reconquistaram o Afeganistão.

“O Afeganistão foi deixado sem o financiamento necessário para a reconstrução”

O professor defende que os 20 anos que os norte-americanos estiveram no país asiático não foram suficientes para cumprir os principais objetivos: “reconstruir um estado que tinha sido destruído pela guerra e placar a ascensão dos talibãs”, embora tenham satisfeito uma fração do eleitorado americano ao desmantelar grande parte das redes da Al-Qaeda e ao assassinar Osama Bin Laden.

Bernardo Fazendeiro defende que, após o atentado do 11 de setembro, os EUA partiram para o Afeganistão sem uma estratégia de permanência no terreno, o que, até 2006/2007, com a nova ascensão dos talibãs, deixou o país sem a atenção necessária para que fosse recuperado.

“Ainda é cedo [para saber se os talibãs são os mesmo de há 20 anos].”

Na opinião do comentador, a situação atual do Afeganistão é ainda de muita incerteza e só com o tempo se poderá perceber qual a ação do governo atual. Embora não esteja otimista, o professor assinalou que os talibãs reivindicam não serem os mesmos que governaram até 2001, o que pode ser um sinal positivo.

Uma possível crise de refugiados ou a questão dos direitos das mulheres afegãs são problemas que o mundo deve enfrentar nos próximos tempos, mas para os quais Bernardo Fazendeiro vê alguma dificuldade em dar resposta.

Para consultar o comentário na íntegra basta clicar no link acima ou aceder ao podcast no Spotify.

 

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